Organização timorense recupera mangais para mitigar alterações climáticas

por Lusa

Em Hera, nos arredores de Díli, são plantados anualmente 30.000 pés de plantas de mangal para tentar recuperar um ecossistema, fundamental para a proteção da área costeira de Timor-Leste, que perdeu cerca de cinco mil hectares desde 1940.

A iniciativa é da organização não-governamental (ONG) Conservação Flora e Fauna, liderada por Alito Rosa, que além dos viveiros em Hera, tem também um centro de estudos e pesquisa, que pode ser visitado por todas as pessoas para que conheçam os mangais e os benefícios deste ecossistema, mas também sobre os corais e as pradarias marinhas.

"No tempo português, havia nove mil hectares de mangais agora há quatro mil hectares", disse à Lusa Alito Rosa, explicando que as plantas do viveiro são, todos os anos, replantadas na área protegida de Hera e também em Tibar e Ulmera, no município de Liquiçá.

Segundo o ambientalista, os mangais em Timor-Leste foram desaparecendo devido ao corte das plantas para lenha, mas também devido às atividades de desenvolvimento e às alterações climáticas.

"O mangal é muito importante porque protege as comunidades da erosão costeira, reduz os desastres naturais, como inundações, além disso o mangal tem um potencial económico para a pesca e turismo, e pode mitigar as alterações climáticas, através da absorção de gases de carbono", disse.

Dados da ONU indicam que nas últimas décadas o nível do mar em Timor-Leste subiu cerca de nove milímetros, superior à média global, que se situa entre os 2,8 e os 3,6 milímetros por ano.

A subida do mar já está a ter impacto em infraestruturas costeiras, comunidades e cidades.

A componente naval de Hera, uma base das forças de defesa de Timor-Leste, é um dos exemplos de uma infraestrutura que está a sofrer com a erosão costeira, disse Alito Rosa.

O diretor da Conservação Flora e Fauna lamentou também que a maioria dos timorenses ainda não tenha conhecimento sobre as alterações climáticas e que o lixo continue a chegar ao mar, principalmente o plástico, que destrói os ecossistemas de mangais, corais e pradarias marinhas.

Além da proteção ambiental, a ONG trabalha também com as comunidades na preservação daqueles ecossistemas e ajuda-as a desenvolverem atividades que tragam benefícios socioeconómicos.

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