Problemas no sistema de notificação e alertas de pilotos obrigaram as autoridades norte-americanas a cancelar esta manhã as descolagens de todos voos domésticos por um curto período, lançando o caos nos aeroportos.
Pelas 17h00 (hora portuguesa) o site de seguimento de voos FlightAware indicava mais de 6.700 voos atrasados, de e para os Estados Unidos, e mais de mil cancelados. As administrações locais têm estado a pedir aos passageiros para verificarem as informações relativas às suas viagens, antes de se deslocarem para os aeroportos.
A hipótese de ciberataque foi afastada mas o incidente está a ser investigado.
"Dentro de umas horas hão-de perceber o que se passou", reagiu o Presidente Joe Biden, que foi informado do incidente e que falou com o Secretário dos Transportes, Pete Buttigieg.
A FAA, a agência aérea federal norte-americana, decretou a proibição de descolagem a nível nacional após verificar falhas no sistema de alerta que fornece aos pilotos informações vitais de segurança antes da descolagem.
O sistema teve de ser restaurado antes de ser dada luz verde operacional. A agência está ainda a tentar entender as causas do problema.
"A FAA ordenou que as companhias aéreas suspendessem todas as partidas domésticas até às 09:00 EST (14h00 GMT), de modo a permitir que a agência confirme a integridade das informações de voo e segurança", avançou em comunicado.
"A FAA ordenou que as companhias aéreas suspendessem todas as partidas domésticas até às 09:00 EST (14h00 GMT), de modo a permitir que a agência confirme a integridade das informações de voo e segurança", avançou em comunicado.
Aeroportos caóticos
Este foi o segundo grande incidente com sistemas aéreos nos EUA em três semanas, depois da companhia Southwest ter sido gravemente afetada por uma falha operacional durante o Natal.
Um dos maiores aeroportos afetados
foi o de La Guardia em Nova Iorque que, pelas 10h00 locais, continuava a
implementar a ordem de permanência em terra, uma hora depois desta ter
sido levantada.
O site da FAA mostrava igualmente grandes atrasos em
terra no Aeroporto Internacional Charlotte Douglas na Carolina do Norte,
um dos maiores hubs do país.
Já o Departamento de Aviação de Chicago referiu que as paragens nos aeroportos de O'Hare e de Midway tinham sido levantadas mas que eram esperados "cancelamentos e atrasos residuais".
Também
a Airlines for America, uma associação representativa das companhias
aéreas, referiu que a ordem da FAA estava a causar "atrasos operacionais
significativos".
As maiores empresas de aviação norte-americanas, como a
United Airlines, a Delta e a American Airlines, mantiveram todas os
seus aviões no chão.
Cerca de oito por cento dos voos da Southwest foram cancelados e 42 por cento sofreram atrasos.
Consequências políticas
O sistema afetado intitula-se NOTAM - Notice to Air Missions, e envia alertas aos pilotos sobre condições que podem afetar a segurança dos voos. É independente do sistema de controlo aéreo e, a par deste, constitui uma das ferramentas de segurança essenciais ao transporte aéreo. Não afeta as aterragens.
"Ainda não sabem o que provocou tudo. Pensam que dentro de umas horas já tenham uma boa ideia que causou a falha e nessa altura irão informar", reagiu Biden aos jornalistas.
Questionado se se teria tratado de um ciberataque, o Presidente reconheceu que "eles não sabem. Hão-de perceber".
O incidente já está a ter contudo consequências políticas, apesar da desvalorização presidencial.
O senador Ted Cruz, líder republicano do Comité do Congresso para o Comércio, Ciência e Tranportes, exigiu reformas profundas da Administração Aérea Federal.
"O público merece segurança nos céus", referiu em comunicado. "A incapacidade da FAA em manter em funcionamento um importante sistema de segurança é absolutamente inaceitável e é um exemplo da disfuncionalidade que grassa no Departamento de Transporte", acusou no mesmo texto.
"A Administração tem de explicar ao Congresso o que sucedeu e o Congresso devia implementar reformas na legislação de reautorização da FAA este ano", axigiu o senador. "Este incidente também explica por que é necessário alguém experiente com liderança comprovada em aviação para liderar a FAA", rematou.
A senadora do Partido Democrata Maria Cantwell, que lidera o mesmo Comité, afirmou que este painel irá estudar as causas que levaram à falha, sublinhando em comunicado que "o público necessita de um sistema de transporte aéreo resiliente".
Um líder questionável
A FAA tem estado a operar sem um líder permamente desde março. Phillip Washington, indicado para o cargo pelo Presidente Jor Biden, ainda espera ser ouvido e aprovado pelo Congresso.
Phillip Washington tem sido alvo de críticas devido à sua escassa experiência no setor da aviação, apesar de ser atualmente o presidente do Conselho de Administração do Aeroporto de Denver, o seu primeiro cargo de liderança na área.
A sua experiência foi obtida em organizações municipais de trânsito, em Denver e em Los Angeles, focadas em autocarros e comboios.
Em setembro foi nomeado num mandado de captura ao abrigo de uma investigação a corrupção política em Los Angeles, relacionada com favoritismo na concessão de contratos com a Autoridade Metropolitana de Trânsito de Los Angeles.