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Oposição venezuelana alerta que repressão continua apesar de libertação de presos políticos

por Lusa

A oposição venezuelana advertiu hoje que outros cidadãos alvo de repressão no país podem ser colocados no lugar de dezenas de presos políticos libertados graças a um acordo com os EUA envolvendo a entrega do empresário Alex Saab.

"Todos nós venezuelanos somos reféns de um sistema. Cada vez que alguns cidadãos são libertados, outros passam a ser vítimas de um mecanismo perverso de repressão. Alguns reféns são libertados para que outros tomem o seu lugar", afirma um comunicado divulgado em Caracas pela líder opositora Maria Corina Machado.

"Para que não haja reféns políticos na Venezuela, temos de conquistar a nossa liberdade", sublinha ainda Machado.

"Essa é a missão que milhões de cidadãos me atribuíram em 22 de outubro e que me comprometo a levar até ao fim", sublinhou a vencedora das eleições primárias da oposição, nas quais foi eleita candidata de unidade contra Nicolás Maduro nas presidenciais de 2024.

Segundo Maria Corina Machado, desde as primárias "iniciou-se outra etapa na causa da liberdade" no país, que "exige a construção de uma via cívica que conduza a eleições livres e justas", uma tarefa "à qual o regime continua a resistir porque sabe estar perdido".

"Vivemos ontem um episódio desta via em construção, que levou à libertação de 24 venezuelanos e de vários cidadãos norte-americanos (...) Embora isto seja um avanço, há ainda um longo caminho a percorrer", adiantou.

"Centenas de civis, militares e polícias continuam ilegalmente detidos, alguns há mais de 20 anos. Estou comprometida com a sua libertação", sublinha Machado.

Pelo menos 24 presos políticos, incluindo sindicalistas e opositores, foram libertados quarta-feira, além de oito norte-americanos no âmbito do acordo de libertação pelos Estados Unidos do empresário Alex Saab, que já está em Caracas.

Entre os norte-americanos libertados estão Luke Alexander Denman e Airan Berry, que tinham sido condenados a 20 anos de prisão, sob acusação de terem tentado derrubar o Presidente Nicolás Maduro, em 2020.

A ONG Foro Penal (FP), confirmou que entre os presos políticos libertados encontram-se os sindicalistas Alcides Bracho, Gabriel Blanco, Emílio Negrín, Alonso Meléndez, Néstor Astudillo e Reynaldo Cortés, vários deles militantes do partido opositor Bandeira Vermelha.

Também foi libertado Roberto Abul, um dos organizadores das primárias em que a opositora Maria Corina Machado foi eleita para concorrer contra Maduro nas eleições presidenciais de 2024.

Os últimos dados da Coligação pelos Direitos Humanos e Democracia dão conta que a Venezuela tem 290 presos políticos.

Segundo a agência norte-americana Associated Press (AP), Alex Saab, que foi detido em 2020 em Cabo Verde e extraditado para os Estados Unidos, acusado de conspiração para cometer lavagem de dinheiro ligada a um esquema de subornos que alegadamente desviou 350 milhões de dólares (318 milhões de euros) através de contratos estatais para a construção de habitação económica para o Governo da Venezuela.

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