A oposição moldova anunciou hoje uma campanha de informação para aproximar o país da União Económica Euro-asiática (UEE), com que o Governo da ex-república soviética pretende iniciar em breve negociações de adesão.
O líder do bloco pró-russo Pobeda (Vitória), Ilan Shor, assegurou ter garantido um acordo com a Organização não-governamental (ONG) russa Evrazia (Eurásia) "para que 50.000 membros dessa organização sejam enviado à Moldova", informou a agência noticiosa TASS.
Shor explicou que os enviados da Evrazia informarão cada cidadão moldovo sobre as vantagens da UEE, a principal organização económica do espaço pós-soviético.
A oposição pró-russa, considerada muito próxima do Kremlin e contrária ao ingresso do país na União Europeia (UE) -- no dia 20 de outubro será realizado um referendo sobre a adesão aos Vinte e Sete --, considera que essa decisão contraria os interesses nacionais e económicos, arruinando em particular a agricultura do país.
"Não é segredo para ninguém que o nosso Estado, a República da Moldova, é um Estado sequestrado (...). Declarou a guerra ao seu próprio povo", assinalou, para acrescentar que o país balcânico perdeu 15% da população nos últimos quatro anos.
Shor, cujo partido homónimo foi ilegalizado, considerou que mais de 40% dos delegados ao congresso pró-russo foram impedidos de viajar até Moscovo, por terem sido detidos ou por lhes terem requisitado os documentos.
O líder do Pobeda agradeceu ao Presidente russo, Vladimir Putin, a possibilidade de celebrar em Moscovo o segundo congresso da oposição, que em abril anunciou a formação de um bloco eleitoral contra a Presidente europeísta, Maia Sandu, que também procurará a reeleição nas presidenciais de outubro, que vão coincidir com a consulta popular.
A aproximação à UE iniciou-se com a chegada de Sandu à presidência em 2020, acelerou-se com a maioria absoluta do seu partido nas legislativas do ano seguinte e aprofundou-se com o apoio da Moldova à Ucrânia desde o início da intervenção militar russa em 2022.
A confirmação definitiva surgiu em dezembro passado, quando Bruxelas decidiu abrir negociações de adesão com a Moldova e a Ucrânia.
Os socialistas moldovos, cujo líder Igor Dodon foi convidado por Putin para o recente Fórum de São Petersburgo, os separatistas da Transnístria e a região autónoma pró-russa da Gagaúzia rejeitam a política europeísta de Sandu.
Na sua visita à Moldova em finais de maio, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, acusou a Rússia de ingerência nos assuntos internos do país com o objetivo de "debilitar as instituições democráticas" e impedir o processo de adesão à UE.
Na sua deslocação, Blinken comprometeu-se e fornecer a Chisinau 300 milhões de dólares (277 milhões de euros) para ajudar a "reduzir a sua dependência" energética face à Rússia.
Entre estes fundos, 85 milhões serão consagrados a projetos imediatos, como o armazenamento de baterias à diversificação de fontes de abastecimento do país, um dos mais pobres da Europa e "comprimido" entre a Roménia e a Ucrânia.
Em paralelo, o Governo moldovo decidiu proibir partidos políticos pró-russos e restringir a difusão de diversos `media` locais e russos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, considerou que o ocidente pretende converter a Moldova na "seguinte Ucrânia" e acusou Sandu de estar "ansiosa" de promover a adesão do pequeno país à NATO.