Oposição insta justiça a confirmar destituição do Presidente da Coreia do Sul

por Lusa
Kim Soo-hyeon - Reuters

O líder da oposição da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, instou hoje o Tribunal Constitucional a decidir rapidamente sobre a destituição do Presidente Yoon Suk-yeol, aprovada no sábado pelo parlamento.

Lee, presidente do Partido Democrático (PD, na oposição, mas que controla a Assembleia Nacional), disse aos jornalistas que uma decisão rápida da justiça é a única forma de minimizar o caos político.

O dirigente propôs também a criação de um conselho nacional onde o governo do conservador Partido do Poder Popular (PPP) e o parlamento trabalhariam em conjunto para estabilizar os assuntos de Estado.

Lee disse que a cooperação bipartidária é essencial para enfrentar a paralisia política que interrompeu a diplomacia sul-coreana e assustou os mercados financeiros.

O líder do PD disse ainda que o partido não tentaria destituir o primeiro-ministro Han Duck-soo, apesar da alegada inação para impedir Yoon de decretar a lei marcial.

Lee disse que não há necessidade de introduzir mais incerteza política.

"O Partido Democrático cooperará ativamente com todos os partidos para estabilizar os assuntos de Estado e restaurar a confiança internacional", disse o dirigente.

"A Assembleia Nacional e o governo vão trabalhar em conjunto para resolver rapidamente a crise que assolou a República da Coreia", prometeu Lee.

O Tribunal Constitucional tem 180 dias para decidir se o chefe de Estado violou ou não a Constituição ao declarar a lei marcial em 03 de dezembro.

Os poderes de Yoon estão suspensos até que a justiça tome uma decisão. Caso o tribunal confirme a destituição, terá de ser realizada uma eleição nacional para escolher o sucessor no prazo de 60 dias.

Yoon poderá ser o segundo presidente em exercício a ser desqualificado na Coreia do Sul, depois de a também conservadora Park Geun-hye ter sido afastada do poder e presa em 2017 por um complexo esquema de corrupção.

O liberal Roh Moo-hyun também foi destituído pelo parlamento em 2004 por alegada violação da lei eleitoral, embora o mais alto órgão judicial da Coreia do Sul tenha decidido, dois meses depois, reverter a decisão dos deputados.

O parlamento sul-coreano aprovou no sábado a destituição de Yoon, com o apoio de membros do próprio partido do Presidente.

Participaram no processo todos os 300 deputados do parlamento, tendo o resultado sido 204 votos a favor da moção apresentada pela oposição para destituir Yoon, 85 contra, três abstenções e oito votos nulos.

Para aprovar a moção, eram necessários pelo menos 200 votos a favor e pelo menos 12 deputados do PPP tinham de apoiar a destituição.

Yoon foi imediatamente desqualificado e o primeiro-ministro Han Duck-soo assumiu o cargo de chefe de Estado e de Governo interino.

No exterior da Assembleia Nacional, em Seul, milhares de pessoas que se reuniram para exigir a destituição de Yoon manifestaram satisfação com o resultado.

 

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