Oposição garante salvo-conduto a Maduro se este deixar o poder

por Cristina Santos - RTP
Maria Corina Machado durante um protesto, no dia 03, ainda em Caracas. Reuters

Para tal, basta que Nicólas Maduro saia pelo próprio pé da presidência venezuelana. Em entrevista à France Presse (AFP), a líder da oposição assegura "garantias e salvo-conduto" ao presidente se ele deixar voluntariamente o poder.

Maria Corina Machado defende uma “negociação para a transição democrática”, que “inclua garantias, salvo-condutos e incentivos para as partes envolvidas, ou seja (para os membros) do regime que foi derrotado nestas eleições presidenciais”.

À espera que Maduro deixe o poder voluntariamente após onze anos como presidente, ela assegura que existe determinação para negociar “um processo de transição complexo e delicado, no qual uniremos toda a nação.”

Corina Machado está em parte incerta há mais de uma semana por temer pela vida, mas respondeu através de mensagens de voz a um conjunto de questões da AFP. Aliás, nos últimos dias, o rosto da oposição venezuelana tem multiplicado as entrevistas e agora confessa estar orgulhosa. “Sinto-me profundamente orgulhosa pelo que fizemos, o que a sociedade venezuelana fez, superando todos os obstáculos das eleições mais desiguais e arbitrárias em termos de abusos e ultrajes do regime”.

Quanto à comunidade internacional, aponta responsabilidades pelo que está a acontecer na Venezuela e apela a um maior envolvimento. “As forças internacionais também são responsáveis pelo que está a acontecer na Venezuela”.

O Conselho Nacional Eleitoral, acusado de ser subserviente ao poder, proclamou Maduro vencedor das eleições de 28 de julho com 52 por cento, sem tornar pública a contagem exata dos votos e as atas das assembleias de voto, alegando ter havido um ataque informático.

A oposição partilhou os seus próprios dados, atas obtidas graças aos seus representantes e que diz darem vitória a Edmundo Gonzalez Urrutia com 67% dos votos (González teve que substituir Corina Machado em cima da hora, uma vez que ela foi impedida de se candidatar).

Perante a anunciada vitória de Maduro, a repressão dos protestos provocou a morte de pelo menos 24 pessoas e mais de 2.200 detenções, de acordo com organizações de Direitos Humanos.
PUB