Oposição critica discursos de Bolsonaro e volta a defender destituição do PR do Brasil

por Lusa
Reuters

Políticos que fazem oposição ao Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, criticaram-no duramente pelas ameaças que lançou ao poder judiciário do país na terça-feira e voltaram a defender a destituição do mandatário.

Entre eles está o governador de São Paulo e rival político de Bolsonaro, João Doria, que, pela primeira vez, se manifestou publicamente a favor do `impeachment` do chefe de Estado.

"A minha posição é pelo `impeachment` do Presidente Jair Bolsonaro. Depois do que ouvi hoje, ele claramente afronta a Constituição", afirmou Doria no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), onde acompanhou as manifestações agendadas para o 07 de setembro, Dia da Independência do Brasil.

"Até hoje nunca havia feito nenhuma manifestação pró-impeachment, mantive-me na neutralidade, entendendo que até aqui os factos deveriam ser avaliados e julgados pelo Congresso, mas depois do que assisti e ouvi hoje, em Brasília, sem sequer estar ouvindo, ele, Bolsonaro, claramente afronta a Constituição, ele desafia a democracia e empareda o Supremo Tribuanl Federal", acrescentou, citado pela imprensa, João Doria, que pretende concorrer às presidenciais de 2022.

Também Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul e que partilha com Doria o mesmo partido político - Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB)- defendeu a saída de Bolsonaro do poder na rede social Twitter.

"Inflação, desemprego, apagão de energia, desmatamento da Amazónia, pandemia... Esses deveriam ser os inimigos do Presidente do Brasil, e não outros brasileiros. Mas Bolsonaro se engana: nossas cores e nosso país não têm dono. Iremos defender os brasileiros e a democracia que ele ataca. Foi um erro colocar Bolsonaro no poder. Está cada vez mais claro que é um erro mantê-lo lá", escreveu.

Bolsonaro causou indignação na terça-feira ao desafiar a justiça brasileira, ao afirmar que "não mais cumprirá" decisões do juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e ao acrescentar que "nunca será preso".

O chefe de Estado brasileiro ameaçou ainda outros juízes brasileiros, em dois discursos que fez para milhares de apoiantes nas cidades de Brasília e São Paulo, e frisou que aquela manifestação popular representa um ultimato aos três poderes.

"Essas ameaças de tom golpista tentam demonstrar força, mas, ao contrário, só revelam a fraqueza e o desequilíbrio de quem as faz. Mostram desprezo às leis e à Constituição. Tentam provocar o caos para tirar o foco dos reais problemas do país e da total incapacidade de resolvê-los", disse o governador do Ceará, Camilo Santana.

"A última vez que um Presidente da República resolveu `enquadrar` e colocar nos `eixos` juízes do Supremo foi em 16 de janeiro de 1969, sob a ditadura", avaliou, por sua vez, o governador do Maranhão, Flávio Dino.

Já a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que concorreu à Presidência do Brasil em 2018, ao lado de Bolsonaro, declarou que o atual mandatário "sempre demonstrou não ter limites, mas Brasil o limitará, sem dúvida".

"Não vamos abrir mão da democracia por causa de um delírio ditatorial. Não adianta recorrer a uma suposta coragem para desafiar as instituições. Ele não passa de um autoritário irresponsável. Chega!", acrescentou, no Twitter.

Também a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, se posicionou sobre as manifestações mobilizadas por Bolsonaro, argumentando que "demonstram o pavor" do chefe de Estado em relação aos vários inquéritos de que é alvo no Supremo.

Jair Bolsonaro é atualmente alvo de quatro inquéritos no STF e um na Justiça Eleitoral pelos seus ataques ao sistema eleitoral, por divulgar um documento sigiloso, por defender a difusão de mensagens antidemocráticas, por uma suposta ingerência na Polícia Federal e por alegada prevaricação na compra de vacinas contra a covid-19.

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