"Operações terrestres direcionadas". Israel retoma corredor Netzarim em nova ofensiva em Gaza
Horas depois de o Governo israelita ameaçar causar "destruição e devastação total" em Gaza, caso os 59 reféns ainda detidos pelo Hamas não sejam libertados, as Forças de Defesa de Israel anunciaram que foram lançadas "operações terrestres direcionadas" no centro e sul da Faixa de Gaza. Nesta nova ofensiva terrestre, os militares retomaram o controlo do corredor Netzarim, com o objetivo de "expandir a zona de segurança e criar uma separação parcial entre o norte e o sul" do território.
Se os reféns israelitas “não forem libertados e o Hamas não for retirado de Gaza, Israel atuará com uma força invisível”, continuou, apelando: “Sigam o conselho do Presidente dos Estados Unidos: devolvam os reféns e eliminem o Hamas, e outras opções se abrirão, incluindo ir para outras partes do mundo para aqueles que quiserem”.
“A alternativa”, acrescentou, “é a destruição total e a devastação”.Corredor de Netzarim
O exército anunciou, entretanto, que as forças armadas israelitas lançaram uma “operação terrestre limitada” para retomar parte de um corredor fundamental de Gaza. De acordo com o Times of Israel, as tropas entraram na área do Corredor de Netzarim, capturando cerca de metade da área até à estrada de Salah a-Din.
A movimentação de tanques para Netzarim não é considerada uma invasão total, mas é a maior escalada qualitativa de novas hostilidades desde o cessar-fogo de 19 de janeiro, de acordo com o diário Jerusalem Post. Segundo as forças de Israel citadas no jornal, estas operações terrestres visam expandir a zona de segurança e criar um tampão parcial entre as partes norte e sul da Faixa.
“No âmbito da operação, as forças recuperaram o controlo e alargaram o seu alcance até ao centro do eixo de Netzarim”.
A medida parece aprofundar uma nova ofensiva israelita em Gaza, segundo a agência norte-americana AP, depois de Israel ter retomado a campanha de bombardeamento de Gaza na segunda-feira à noite.
Em fevereiro, o exército israelita tinha concluído a retirada do eixo de Netzarim, que divide a Faixa de Gaza entre norte e sul, enquanto se mantinha o frágil cessar-fogo. A retirada das tropas israelitas do eixo de Netzarim era um dos termos do acordo de cessar-fogo e autorizava a livre circulação entre o norte e sul de Gaza, permitindo que os palestinianos deslocados pela guerra regressassem às suas casas no norte do enclave, utilizando toda a largura do corredor.
As novas operações terrestres acontecem um dia depois de mais de 400 palestinianos terem sido mortos em ataques aéreos, num dos episódios já reconhecido como dos mais mortais desde o início do conflito, quebrando o cessar-fogo que estava em vigor desde janeiro.
As Nações Unidas denunciaram que um ataque aéreo israelita vitimou um funcionário estrangeiro e feriu cinco trabalhadores no local de uma sede da ONU, no centro da Cidade de Gaza, esta quarta-feira. Acusações que Israel nega, alegando ter atingido um local do Hamas, onde detetou preparativos para disparar em território israelense.
Israel e Hamas acusam-se mutuamente de violação das tréguas. Israel acusou o Hamas de usar civis palestinianos como escudos humanos. O Hamas nega e acusa Israel de bombardeios indiscriminados.
A decisão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de retomar os bombardeamentos desencadeou protestos em Israel, considerando que 59 reféns ainda estão presos em Gaza.