A rejeição da proposta apresentada pelos três países que estão a mediar as negociações - Estados Unidos, Egito e Qatar - mostra que o chefe do Hamas na Faixa de Gaza, Yahya Sinouar, "não quer um acordo humanitário, nem o regresso dos reféns", declarou a Mossad, os serviços secretos de Israel, num comunicado divulgado pelo gabinete do primeiro-ministro.
Sinouar "continua a explorar as tensões com o Irão", com o objetivo de "obter uma escalada na região", lê-se no comunicado, publicado poucas horas depois de um ataque sem precedentes de Terão, que disparou `drones` e mísseis na direção de Israel, sem causar danos significativos.
Israel "continuará a trabalhar para atingir os objetivos da guerra contra o Hamas com toda a sua força e dará tudo por tudo para trazer de volta os reféns de Gaza", acrescentou a mesma fonte.
O Hamas tinha dito no sábado ter apresentado a resposta aos mediadores sobre a proposta de trégua com Israel na Faixa de Gaza, insistindo num cessar-fogo permanente.
"O Hamas reafirma as suas exigências e as exigências do nosso povo: um cessar-fogo permanente, a retirada do exército ocupante de toda a Faixa de Gaza, o regresso dos deslocados às suas áreas e locais de residência, a intensificação da entrada de ajuda humanitária e o lançamento da reconstrução", afirmou, em comunicado, o movimento palestiniano, sem rejeitar explicitamente a proposta.
Os emissários de Israel e do Hamas reuniram-se em 07 de abril no Cairo, com representantes do Egito, do Qatar e dos Estados Unidos, para mais uma tentativa de negociação indireta com vista a encontrar um acordo de trégua na Faixa de Gaza, após seis meses de guerra.
Até agora, os protagonistas não tinham respondido claramente ao acordo proposto, que previa a libertação de reféns israelitas detidos em Gaza em troca de detidos palestinianos, acompanhada de um aumento da ajuda humanitária.
Israel opõe-se a um cessar-fogo permanente e à retirada total das forças armadas da Faixa de Gaza e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, diz estar determinado a lançar uma ofensiva terrestre em Rafah, no extremo sul do território palestiniano, que apresenta como o último grande bastião do Hamas.
Netanyahu acusou o Hamas de ser "o único obstáculo" a um acordo que poderia "permitir a libertação dos reféns", citando em particular como principal ponto de desacordo "o fim da guerra e a retirada do exército Israelita da Faixa de Gaza" exigido pelo movimento islâmico.
"O Governo e as forças de segurança estão unidos na sua oposição a estas exigências infundadas", disse o primeiro-ministro israelita num comunicado.
Em 07 de outubro do ano passado, combatentes do Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar o Hamas", que começou por cortes no abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre no norte do território, que depois se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 33.200 mortos, quase 76.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais.