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ONU vai pedir mais fundos aos Estados-membros para ajuda aos países afetados

por Lusa

Nações Unidas, 20 mar (Lusa) -- A Organização das Nações Unidas (ONU) vai pedir mais apoio monetário aos Estados-membros para ajuda aos países africanos devastados pelo ciclone Idai, disse hoje o porta-voz do secretário-geral, sem haver estimativas da quantia que será necessária.

"Deixámos claro que a quantidade de dinheiro que temos em mãos agora é insuficiente para ir ao encontro das necessidades no terreno, por isso vamos voltar a dirigir-nos ao Estados-membros para mais ajuda", disse hoje Farhan Haq em conferência de imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque.

Com a impossibilidade de contabilizar os estragos materiais na totalidade, a inacessibilidade de algumas áreas e a falta de números concretos de vidas humanas afetadas, que continuam a subir, a ONU não pode dar ainda uma estimativa de qual será o valor pedido aos Estados-membros.

Apesar de se desconhecer a dimensão dos prejuízos nos três países afetados -- Moçambique, Zimbabué e Maláui -, a Organização pretende "sublinhar o nível desta crise", disse também o porta-voz, por ser "um dos piores desastres naturais de que há memória, a atingir o Sul da África".

O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA, na sigla em inglês), anunciou esta noite que a Organização vai disponibilizar 20 milhões de dólares para apoiar as vítimas, verba proveniente do Fundo Central de Resposta a Emergências (CERF), mas insuficiente para fazer face aos estragos.

Farhan Haq afirmou que a ONU está a fazer esforços para sensibilizar a comunidade internacional para a necessidade de muitos mais apoios na resposta ao desastre: "devem expectar que vamos precisar de bastante".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, está informado sobre as atualizações no rescaldo da tragédia e irá fazer uma nova declaração quando considerar necessário.

Várias agências da ONU estão a fornecer materiais dos seus armazenamentos para apoio às vítimas, nomeadamente em produtos alimentares, de saúde, higiene e saneamento.

A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué já provocou mais de 300 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos.

Em Moçambique, o Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou na terça-feira que mais de 200 pessoas morreram e 350 mil "estão em situação de risco", tendo decretado o estado de emergência nacional.

O país vai ainda cumprir três dias de luto nacional, até sexta-feira.

O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.

A Cruz Vermelha Internacional indicou na terça-feira que pelo menos 400 mil pessoas estão desalojadas na Beira, em consequência do ciclone, considerando tratar-se da "pior crise" do género no país.

No Zimbabué, Segundo a ONU, as autoridades contabilizaram pelo menos 100 mortos e mais de 200 desaparecidos, enquanto no Malaui as únicas estimativas conhecidas apontam para, pelo menos, 56 mortos, 577 feridos, 94 mil pessoas deslocadas e quase 840 mil pessoas afetadas.

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