A representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau, Rosine Sori-Coulibaly, disse que as Nações Unidas vão continuar a garantir a segurança do antigo primeiro-ministro guineense Aristides Gomes, refugiado na sede da missão política no país há vários meses.
"As Nações Unidas têm o papel de proteger as pessoas que se sentem ameaçadas no seu país ou no contexto em que vivem", afirmou Rosine Sori-Coulibaly, em entrevista à Lusa por ocasião do encerramento do Gabinete Integrado para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (Uniogbis), no próximo dia 31.
Segundo a responsável, Aristides Gomes era primeiro-ministro da Guiné-Bissau e estava sob a proteção da Ecomib, força de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que se retirou do país.
"Ele sentiu a sua segurança ameaçada e pediu a proteção das Nações Unidas. É o nosso papel e não é a primeira vez, na realidade, que na Guiné-Bissau e em outros lugares, damos proteção aos que pensam que há risco para a sua vida ou para os seus direitos", afirmou Rosine Sorri-Coulibaly.
A representante do secretário-geral da ONU em Bissau afirmou também que dar proteção a Aristides Gomes faz parte da missão das Nações Unidas e "não é um problema".
"A missão Uniogbis vai encerrar, mas as Nações Unidas permanecem. Se alguém está sob a proteção das Nações Unidas, as Nações Unidas ficam e a proteção vai continuar", salientou.
"Esperamos que o problema se resolva de boa maneira, respeitando a lei do país, mas também os direitos daquela pessoa, e no âmbito do nosso programa de luta e proteção dos direitos humanos vamos continuar a trabalhar", afirmou.
O antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau Aristides Gomes está refugiado na missão da Uniogbis há vários meses, na sequência da sua demissão do cargo pelo atual Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, e depois de a sua residência, em Bissau, ter estado cercada pelas forças de segurança, enquanto estava sob proteção da Ecomib.
A Procuradoria-Geral da República anunciou em outubro que há dois processos no Ministério Público em que Aristides Gomes consta como suspeito e que quer ouvi-lo, tendo enviado notificações para a Uniogbis, sem ter recebido qualquer resposta.
Aristides Gomes está impedido de sair do país, depois de o Ministério Público ter imposto a medida de coação de obrigação de permanência no território nacional.
Os advogados de Aristides Gomes afirmam que o Ministério Público não tem nada contra o antigo primeiro-ministro e acusam a Procuradoria-Geral da República de "perseguição política".
A Uniogbis realiza hoje a cerimónia de encerramento da missão, em 31 de dezembro, mas várias agências das Nações Unidas vão continuar a trabalhar na Guiné-Bissau.