Um dos principais responsáveis políticos da ONU, Tayé-Brook Zerihoun, expressou o receio de que a situação em Gaza se deteriore nos próximos dias e pediu a Israel que só utilize "força letal" como último recurso.
Falando na abertura de uma reunião de emergência convocada pelo Conselho de Segurança da ONU para analisar a violência que irrompeu quinta-feira na Faixa de Gaza, o subsecretário de Assuntos Políticos pediu às forças israelitas que observem a "máxima restrição" a fim de evitar mais mortes.
"Existe o receio de que a situação se deteriore nos próximos dias. É imperativo que as crianças não sejam usadas como alvos", disse o funcionário sénior da ONU.
Na sua mensagem, o número dois do Departamento de Assuntos Políticos da ONU disse que a agitação na Faixa de Gaza é uma "memória dolorosa" da paz que falta no Médio Oriente e pediu às partes em conflito que encontrem uma solução pacífica.
A reunião do conselho foi inicialmente convocada para decorrer à porta fechada, sob a presidência rotativa da Holanda, mas, como não foi alcançado um consenso para uma declaração conjunta no final da sessão, foi decidido abri-la ao público.
A luta entre milhares de palestinianos na fronteira e os soldados israelitas degenerou em confrontos com consequências das mais gravosas dos últimos anos.
Dezenas de milhares de palestinianos, incluindo mulheres e crianças, convergiram para a barreira fronteiriça que separa a Faixa de Gaza de Israel, no âmbito da "grande marcha de regresso", e envolveram-se em confrontos com os soldados israelitas.
O movimento de protesto, organizado pelo Hamas (movimento fundamentalista islâmico da Palestina) deve durar seis semanas e destina-se a exigir o "direito de retorno" dos refugiados palestinianos e denunciar o estrito bloqueio de Gaza.
O saldo de 16 mortos torna o dia de sexta-feira o mais sangrento em Gaza desde a guerra de 2014 entre Israel e o Hamas. Os confrontos ao longo da vedação provocaram pelo menos 750 feridos, disse o Ministério da Saúde da Palestina, citado pela Agência Associated Press.
Milhares de pessoas, cerca de 17 mil segundo algumas agências internacionais e 30.000 segundo outras, concentraram-se junto de vários pontos da fronteira de Gaza com Israel. O movimento radical palestiniano controla a faixa de Gaza, enclave palestiniano sob bloqueio israelita e egípcio, desde 2007.
As forças israelitas, que também destacaram blindados para a zona fronteiriça, utilizaram munições reais contra os manifestantes que tentavam ultrapassar as barreiras de segurança.
O exército israelita afirmou que utilizou balas reais depois de os manifestantes palestinianos, situados junto à zona fronteiriça, terem lançado pedras e bombas incendiárias em direção aos soldados israelitas.
O exército informou também que atacou três posições do Hamas, com tanques e aviões, na sequência dos ataques contra a fronteira, que incluíram disparos do lado palestiniano por parte de duas pessoas, que foram mortas.
Uma porta-voz do Exército israelita, citado pela agência Efe, disse que os suspeitos "se aproximaram da cerca de segurança e dispararam contra as tropas do Exército" e que, como resposta, os soldados dispararam "contra os terroristas" e também contra "três posições perto do Hamas".
Israel não reportou vítimas nem danos materiais.