ONU pede financiamento para travar o mais mortal surto de cólera no Maláui

por Lusa

A ONU e outros parceiros humanitários no Maláui pediram hoje uma ajuda urgente de 42,3 milhões de euros para travar um surto de cólera que causou mais de 1.460 mortes e cerca de 45.800 infeções desde março.

"O apelo surge numa altura em que o número de casos e mortes no Maláui tem vindo a aumentar exponencialmente desde o início de janeiro, agravando aquele que já é o mais mortal surto de cólera na história do país", afirmou o Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) das Nações Unidas (ONU) em comunicado.

"Apesar de todos os esforços feitos desde que o primeiro caso de cólera foi relatado no Maláui há quase um ano, a situação continua a ser de grande preocupação", alertou Rebecca Adda-Dontoh, coordenadora da ONU para o país africano.

Os fundos solicitados -- 45,3 milhões de dólares (cerca de 42,3 milhões de euros) serão utilizados para melhorar os serviços essenciais de saúde, nutrição, educação, saneamento e proteção nos locais mais afetados, onde o surto "tem tido um preço devastador", refere o comunicado.

"Quando não tratada, a cólera pode matar em menos de doze horas, mas com simples fluidos intravenosos, a maioria dos pacientes recupera rapidamente. Ninguém deve morrer de cólera em 2023 e o mundo pode e deve dar um passo em frente", disse Adda-Dontoh.

De acordo com os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde do Maláui até domingo, o surto, que afeta 29 distritos do país, provocou 45.784 casos de infecção, incluindo 1.468 mortes.

A cólera é endémica no Maláui desde 1998, com surtos durante a estação chuvosa (novembro a maio), mas a atual epidemia propagou-se à estação seca, de acordo com o último boletim epidemiológico da OMS.

O Governo do Maláui declarou a epidemia uma emergência de saúde pública a 05 de dezembro.

A doença causa diarreia aguda contraída pela ingestão de alimentos ou água contaminada com o bacilo "vibrio cholerae".

A OMS avalia o risco de cólera a nível mundial como "muito elevado" devido aos surtos em curso em muitas áreas.

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