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ONU diz que há até 4 mil militares do Ruanda a combater no M23 contra a RDCongo

por Lusa

Os investigadores do Conselho de Segurança das Nações Unidas que investiguem o conflito na República Democrática do Congo (RDCongo) consideram que há 3 a 4 mil soldados ruandeses a combater ao lado dos rebeldes do Movimento 23 de Março.

De acordo com um relatório citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), há "3.000 a 4.000 soldados ruandeses que estão a combater lado a lado com os rebeldes congoleses do Movimento 23 de Março (M23), contra o exército congolês no leste da RDCongo.

Estes investigadores mandatados pelo Conselho de Segurança da ONU dizem que o exército ruandês assumiu "de facto o controlo e a direção das operações do M23" e que a sua intervenção militar "foi decisiva para a significativa expansão territorial conseguida entre janeiro e março de 2024".

Desde o final de 2021, o M23 e as tropas do exército ruandês avançam na província do Kivu do Norte, onde derrotaram o exército congolês e os seus aliados, tendo inclusivamente criado um governo paralelo nas zonas que controlam.

Até ao final do ano passado, as autoridades ruandesas negaram publicamente ter colocado o seu exército ao lado dos rebeldes do M23, mas desde o início deste ano que Kigali não tem desmentido a informação.

O Presidente do Ruanda, Paul Kagamé, declarou na televisão France 24, em 20 de junho, que estava "pronto para lutar" contra a RDCongo, se necessário, evitando a questão da presença atual de militares do exército ruandês na RDCongo, país que faz fronteira com Angola.

Há vários meses que os Estados Unidos, a França, a Bélgica e a União Europeia pedem ao Ruanda que retire as suas tropas e o seu equipamento militar do território congolês e que acabe com o seu apoio ao M23, mas os pedidos não foram, até agora, atendidos.

No relatório citado pela AFP, os peritos detalham as "incursões sistemáticas" de soldados ruandeses em solo congolês, apontando que pelo menos mil militares terão chegado à RDCongo desde janeiro deste ano, e estimam que, no momento da redação do relatório, em abril, as tropas ruandesas "igualavam ou até ultrapassavam em número os combatentes do M23".

O novo relatório inclui numerosas fotografias aéreas tiradas em áreas sob o controlo do M23 e do exército ruandês, e mostram colunas de homens armados em uniforme, alguns transportando ou operando artilharia, veículos blindados com radar e mísseis antiaéreos, carrinhas de caixa aberta e camiões de transporte de tropas.

O Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de cooperar com as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundadas em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses (hutus) exilados na RDCongo para recuperar o poder político no seu país.

Essa colaboração também foi confirmada pela ONU.

Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (MONUSCO).

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