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ONU coloca Israel e Hamas em lista de infratores por violarem direitos das crianças

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Abed Khaled - Reuters

Pela primeira vez, a Organização das Nações Unidas adicionou o exército israelita, o Hamas e o braço armado da Jihad Islâmica à sua lista de infratores por violarem os direitos das crianças.

O relatório anual “Crianças em Conflitos Armados”, consultado pela BBC e que deverá ser divulgado publicamente na quinta-feira, acusa as três entidades, juntamente com as fações beligerantes do Sudão, da morte e mutilação de crianças “em números sem precedentes”.

“As crianças suportaram o peso da multiplicação e escalada de crises que foram marcadas por um total desrespeito pelos direitos da criança, nomeadamente o direito inerente à vida”, afirma o relatório.

Segundo o relatório, o conflito em Gaza, iniciado a 7 de outubro de 2023, provocou um aumento de 155% no que classifica como “violações graves” contra crianças. De acordo com a ONU, em 2023 foram registadas mais de 8.000 violações graves contra 4.247 crianças palestinianas e 113 crianças israelitas.

“A maioria dos incidentes foi causada pelo uso de armas explosivas em áreas povoadas pelas forças armadas e de segurança israelitas”, afirma o relatório.

No mês passado, a ONU declarou que pelo menos 7.797 crianças foram mortas durante a guerra na Faixa de Gaza, com base em dados fornecidos pelo Ministério da Saúde em Gaza relativos a corpos identificados.
Israel critica “decisão vergonhosa” e “imoral”
O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, anunciou na semana passada que foi notificado de que o exército israelita foi adicionado à lista de infratores da ONU, mostrando-se “chocado e enojado com esta decisão vergonhosa”.

“O Hamas continuará a atacar ainda mais escolas e hospitais porque esta decisão vergonhosa do secretário-geral [da ONU] apenas dará ao Hamas esperança de sobreviver e prolongar a guerra e prolongar o sofrimento”, escreveu Erdan num comunicado.

“O Exército israelita é o mais moral do mundo, por isso esta decisão imoral só vai ajudar os terroristas e premiar o Hamas”, insistiu.

O ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, disse ainda que a decisão da ONU terá “consequências graves para as relações de Israel com a ONU”, que estão já num ponto historicamente baixo.

O Hamas e a Jihad Islâmica ainda não comentaram o relatório da ONU.

O secretário-geral da ONU elabora anualmente uma lista global de Estados e milícias que ameaçam e violam os direitos das crianças. A lista é depois apresentada ao Conselho de Segurança que, posteriormente, decide se toma medidas contra os visados.

O ano passado, a Rússia foi adicionada a esta lista pela morte de crianças na guerra na Ucrânia. No entanto, como faz parte dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, não foram aplicadas medidas contra Moscovo.
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