A Organização Não-Governamental (ONG) Save the Children acusou hoje Israel de estar a usar a fome como uma arma de guerra contra a população civil de Gaza, apelando a um "cessar-fogo imediato e definitivo".
"Afastar deliberadamente a população civil de comida, água e combustível e impedir propositadamente os mantimentos de chegarem às populações é usar a fome como arma de guerra, o que inevitavelmente tem um impacto mortal nas crianças", alertou esta ONG, citando vários casos de crianças e famílias que não têm acesso a água, abrigo e comida durante vários dias seguidos.
Esta ONG está a "apelar à comunidade internacional para garantir um cessar-fogo imediato e definitivo e ao Governo de Israel para reverter as condições que tornaram a resposta humanitária praticamente impossível, incluindo o acesso direto a toda a região de Gaza, e o regresso da entrada do comércio em Gaza", lê-se num comunicado colocado no site desta organização.
"A fome nunca deve ser usada como um método de guerra", disse ainda a Save the Children, que dá conta de "vários relatos de colaboradores que falam de famílias que estão vários dias sem comida, abrigo, água ou acesso a cuidados de saúde, incluindo na chamada `zona segura` de Al-Mawasi".
No comunicado, aponta-se ainda que as mudanças consecutivas a que os habitantes de Gaza são sujeitos por ordem dos militares israelitas "estão a empurrar os civis para `zonas seguras` mortais, que só colocam os civis ainda mais em perigo, porque são empurrados para zonas que não os conseguem acomodar ou garantir os serviços básicos necessários, e nas quais continuam a ser atacados".
A ONG cita a Organização Mundial da Saúde para sublinhar que o aumento das doenças motivado pela falta de acesso a alimentos e água potável pode ser mais mortal do que os próprios bombardeamentos, e lamenta que as crianças de Gaza estejam encurraladas "entre bombardeamentos, fome e doenças".
No princípio deste mês, as Nações Unidas disseram que quase 7.700 crianças com menos de cinco anos sofriam de desnutrição severa, a mais mortífera forma de má nutrição, e num relatório separado também citado no comunicado, o Programa Alimentar Mundial alerta que nove em cada dez pessoas em Gaza admitiram ter passado pelo menos 24 horas sem comida, com quase um quinto a terem passado por isso mais de dez dias no último mês.
As estruturas do Hamas publicaram hoje um balanço global de 17.490 pessoas mortas pelos bombardeamentos israelitas contra a Faixa de Gaza.
O ataque do Hamas sem precedentes em solo israelita, em 7 de outubro, matou 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas.