A Organização Mundial de Saúde publicou esta segunda-feira a lista de 12 famílias de bactérias contra as quais considera "urgente" desenvolver novos tratamentos.
Outras seis famílias de bactérias estão classificadas como "prioridade elevada", e são responsáveis por infeções geralmente contraídas fora do hospital e resistentes à vários tipo de antibióticos.
Incluem-se nestas o Estafilococo aureus (MRSA), as salmonelas, a Helicobacter pylori (responsável nomeadamente pelas ulceras estomacais) ou a Neisseria gonorrhoeae (que provoca a gonorreia, uma infeção transmitida sexualmente e muito difundida).
Três outras famílias são consideradas de "prioridade moderada". São elas os pneumococos, que podem levar a pneumonias e meningites, a Haemophilus influenzae, que provoca infeções como otites e as Shigella spp, que provocam infeções intestinais como a disenteria.
A lista da OMS baseia-se na gravidade das infeções que as bactérias causam, na facilidade com que se propagam, no número de fármacos em uso e nos novos antibióticos que estão a ser estudados.
"Esta lista foi estabelecida para tentar orientar e promover a pesquisa-desenvolvimento de novos antibióticos", referindo "as 12 famílias de bactérias mais ameaçadoras para a saúde humana", explicou a agência da ONU.
Alternativas esgotadas
A divulgação da lista tenta prevenir o reaparecimento de doenças infeciosas incuráveis.
"A resistência aos antibióticos aumenta e nós estamos a esgotar rapidamente as nossas opções terapêuticas. Se deixarmos agir o mercado, os novos antibióticos de que necessitamos urgentemente não ficarão prontos a tempo", refere a sub-diretora geral da OMS para os sistemas de saúde e de inovação, Marie-Paule Kieny.
A lista será discutida com especialistas em saúde do grupo dos G20 (maiores economias mundiais), esta semana em Berlim.
As bactérias multiresistentes aos antibióticos poderão matar até 10 milhões de pessoas até 2015, ou seja tanto como o cancro, afirma um grupo de especialistas internacionais formados em 2014 no Reino Unido e autor de diversos relatórios sobre o problema.
O grupo, presidido pelo economista Jim O'Neill, calcula que o fenómeno cause já 700.000 mortes por ano, incluindo 50.000 na Europa e nos EUA.
Em setembro a OMS apelou à mobilização de fundos públicos e privados para financiar as pesquisas de novas classes de antibióticos e encorajar tratamentos alternativos.
Em 50 anos "só duas novas classes de antibióticos surgiram no mercado", pois o retorno do investimento neste tipo de medicamentos é insuficiente para os laboratórios, referiu na altura a diretora da OMS, Margaret Chan.