Mundo
OMS lança apelo urgente para salvar financiamento da saúde mundial
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o mundo enfrenta uma "emergência global de financiamento da saúde". O alerta foi deixado esta segunda-feira pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma reunião da União Africana em Genebra.
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde defendeu a necessidade de uma "ação coordenada e urgente" para salvar vários sistemas básicos de saúde que já estão a ser seriamente afetados pelos cortes brutais e drásticos na ajuda internacional.
Nomeadamente dos EUA, tradicionalmente o maior doador mundial, mas que desde o regresso do presidente Donald Trump à Casa Branca decidiu reduzir drasticamente a sua ajuda externa. O que soma a outros países que também limitaram as suas despesas. "O mundo enfrenta hoje uma emergência global de financiamento da saúde que exige uma ação coordenada e urgente", alertou Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A OMS estima que até 2025 a ajuda internacional à saúde caia mais de 30 por cento em comparação com 2023. Dados preliminares de março já revelam perturbações nos serviços de saúde em cerca de 70 por cento dos países de baixo e médio rendimento.
"Estes cortes orçamentais drásticos já estão a perturbar fortemente
os sistemas e serviços de saúde. Um terço dos países relatam
escassez crítica de medicamentos essenciais e programas de saúde", afirmou.
Covid-19 deixou dívidas abissais
Segundo o chefe da OMS, a pandemia da Covid-19 já tinha gerado "dívidas abissais e
margens de manobra orçamentária cada vez mais reduzidas, agravando
décadas de subinvestimento crónico em saúde pelos orçamentos nacionais".
No entanto, na sua opinião, a crise atual representa uma oportunidade, "a
de virar a página da era da dependência da ajuda e abraçar uma nova era
de soberania, autonomia e solidariedade".
A OMS publicou esta segunda-feira novas recomendações para combater os efeitos imediatos e a longo prazo dos cortes na ajuda internacional. Entre outras recomendações, a OMS pede aos países afetados para investirem mais na saúde, reduzindo gradualmente a dependência externa e a darem prioridade às populações mais pobres.
Rumo à autonomia financeira
Peter Sands, do Fundo Global contra a SIDA, Tuberculose e Malária, argumenta que "é ainda mais urgente" que as nações africanas acelerem o seu caminho rumo à autonomia financeira.
Em África, onde os sistemas de saúde são particularmente vulneráveis e afetados pelas reduções da ajuda internacional, vários países já estão a encetar esforços para aumentar as suas despesas com a saúde, a fim de reduzir essa dependência.
Nomeadamente, a Nigéria que já destinou 200 milhões de dólares este ano para compensar as insuficiências da ajuda e o Gana aumentou o teto máximo do imposto especial sobre o consumo para a sua Agência Nacional de Seguro de Saúde, gerando um aumento de 60 por cento no orçamento da saúde.
Amma Twum-Amoah, comissária ganesa para a Saúde da União Africana, sublinhou que "o aumento das despesas com a saúde não é um custo, mas um investimento
muito rentável".
c/agências