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Olaf Scholz na China para conversações delicadas sobre o comércio e uma "paz justa" na Ucrânia

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Michael Kappeler/DPA via AFP

A visita de três dias à China do chanceler alemão Olaf Scholz termina esta terça-feira com um encontro com o presidente chinês Xi Jinping, onde foram abordados os laços económicos entre os dois países mas também a necessidade de alcançar "uma paz justa" na Ucrânia. Apesar das tensões comerciais e geopolíticas entre o Ocidente e Pequim, Scholz centrou-se em melhorar a qualidade da cooperação económica com o seu principal parceiro comercial.

Olaf Scholz chegou a Chongqing, no sudoeste da China, para uma visita de três dias, de domingo 14 de abril a terça-feira 16 de abril, a três cidades chinesas - Chongqing, Xangai e Pequim – acompanhado de uma grande delegação de funcionários alemães, nomeadamente os ministros alemães da Agricultura, do Ambiente e dos Transportes. 

Mas também de alguns diretores executivos de grandes empresas alemãs, como a Siemens, Mercedes, Bayer ou BMW, que foram à China defender os seus interesses numa altura em que o mercado europeu está preocupado com o volume das exportações chinesas.  "Não quero separar-me da China, mas preciso de progressos em questões estruturais.”, disse esta terça-feira o chanceler alemão.

Numa reunião à porta fechada com Xi Jinping, em Pequim,  o chanceler alemão afirmou que a Alemanha não quer “desligar-se” da China, mas que precisa de avançar em questões estruturais e melhorar a qualidade da cooperação, defendendo um melhor acesso ao mercado e condições de concorrência equitativas para as empresas alemães competirem na segunda maior economia do mundo.

Uma visita vista com bons olhos pelo presidente da China, Xi Jinping, que lembrou que os laços entre os dois países têm um “impacto” importante na Eurásia em “todo o mundo”, pelo que Pequim e Berlim devem “injetar mais estabilidade e certezas” no panorama internacional e neste sentido pediu a Olaf Sholz para desenvolver as relações bilaterais numa “perspetiva estratégica e de longo prazo”.
"China e Alemanha são a segunda e terceira maiores economias do mundo e precisam de consolidar e desenvolver as suas relações", afirmou Xi Jinping.
Citado pela televisão estatal chnesa CCTV, o líder chinês observou que “as transformações no mundo estão a acelerar e a humanidade enfrenta riscos e desafios crescentes. Para resolver estes problemas, as grandes potências devem trabalhar em conjunto".
Cuidado com “crescente protecionismo”Durante o encontro, o presidente chinês garantiu esta terça-feira ao líder alemão que a cooperação sino-alemã “é benéfica para todas as partes e para o mundo” e que “não é arriscada”, mas que ambos os países devem “ter cuidado com o crescente protecionismo”.

"Temos de ter cuidado com o protecionismo. Temos de analisar as questões relacionadas com a capacidade de produção de forma objetiva, numa perspetiva de mercado e numa perspetiva global. A China adere a uma política nacional de abertura e espera que a Alemanha proporcione um ambiente de negócios justo, transparente, aberto e não discriminatório para as empresas chinesas", afirmou Xi Jinping, esta terça-feira, segundo comunciado do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

O presidente chinês acrescentou que “não há risco na nossa cooperação” e que “existe um enorme potencial, quer em domínios tradicionais como a maquinaria e os automóveis, quer em novos domínios como a transformação ecológica, a digitalização e a inteligência artificial”, apelando ao espírito de “mente aberta”, ao “respeito mútuo” e à procura de “um terreno comum” capaz “de resolver as diferenças” entre a Alemanha e a China.

De acordo com a mesma fonte, o chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou que "a Alemanha opõe-se ao protecionismo e apoia o comércio livre” e que “está disposta a trabalhar com a China para reforçar ainda mais as relações bilaterais, aprofundar o diálogo e a cooperação em vários domínios", nomeadamente para “responder conjuntamente aos desafios globais”.
Atuar em prol de uma “paz justa” na Ucrânia
O líder alemão defendeu esta terça-feira junto de Xi Jinping, a necessidade de discutir um acordo com a China sobre a melhor forma de alcançar uma “paz justa” na Ucrânia e pediu a Xi Jinping para pressionar a Rússia a parar a “campanha sem sentido” de Vladimir Putin na Ucrânia, um conflito sobre o qual Pequim tem adotado uma posição ambígua. Até agora, Pequim apelou ao diálogo e ao respeito pela integridade territorial de "todos os países", neste caso, a Ucrânia, mas nunca condenou publicamente Moscovo pela sua invasão da Ucrânia.

“A palavra da China tem peso na Rússia”, começou por escrever o chanceler alemão na sua conta oficial da rede social X, esta terça-feira, referindo que gostaria de ver as tropas russas se retirarem da Ucrânia e “esta guerra terrível chegar ao fim”. Mais tarde, Olaf Scholz anunciou numa nova publicação que a China e a Alemanha tencionavam coordenar a conferência de paz de alto nível para a Ucrânia, que se realizará na Suíça, em meados de junho.


“O presidente Xi e eu chegámos a acordo: a China e a Alemanha tencionam coordenar-se de forma intensa e positiva para promover a organização de uma conferência de alto nível na Suíça e futuras conferências internacionais de paz", escreveu o chanceler alemão.

Sobre esta questão, Xi Jinping defendeu que era necessário “criar as condições necessárias” para evitar que a crise “fique fora de controlo e para restabelecer a paz" e "reduzir as repercussões na economia mundial".

"Devemos concentrar-nos em manter a paz e a estabilidade e abster-nos de tirar partido egoísta da situação",
disse o presidente da China, apelando a que "não se atire combustível para a fogueira".

c/agências
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