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Ocidente deveria "impor um preço" à China pelo apoio à Rússia, diz Stoltenberg

por RTP
Secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg Elizabeth Frantz - Reuters

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, acusa a China de querer o melhor de dois mundos ao apoiar discretamente a Rússia e querer "manter boas relações com o Ocidente". Acrescenta que Pequim deveria enfrentar um "custo económico" pelo apoio a Moscovo.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, criticou os líderes chineses na segunda-feira por afirmarem publicamente que apoiam a Ucrânia na guerra contra a Rússia, ao mesmo tempo que mantêm um apoio discreto a Moscovo fornecendo componentes electrónicos para uso militar.

“A China está a alimentar o maior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”, afirmou Stoltenberg, durante um evento no Wilson Center em Washington, “e ao mesmo tempo, quer manter boas relações com o Ocidente. Pequim não pode ter as duas coisas”. “Isto não pode funcionar a longo prazo”, insistiu.
Impor consequência económica
Numa altura em que Moscovo não dá sinais de aliviar a sua guerra contra a Ucrânia, o secretário-geral da NATO argumentou que a China está “a partilhar muitas tecnologias, como microeletrónica, que são fundamentais para a Rússia construir mísseis, armas que usam contra a Ucrânia”.

O secretário-geral da NATO alega que Pequim enviou material que é utilizado na produção de armas como “mísseis, tanques [e] aeronaves”. “Pequim está a partilhar tecnologias de ponta, como semicondutores ou materiais de dupla utilização. No ano passado, a Rússia importou 90 por cento da sua microeletrónica da China”, acusa Stoltenberg.

“A China também está a preparar-se para fornecer à Rússia melhor tecnologia para captar imagens”, e alerta ainda que desta forma Pequim “evita o impacto das sanções e dos controlos de exportação.”

À BBC, acrescentou que “chegará a altura que deveremos considerar impor algum tipo de custo económico se a China não mudar o comportamento”.

A China defende-se, afirmando que não vende armas letais a Moscovo e que “gere com prudência as exportações de produtos de dupla utilização, de acordo com as leis e regulamentos”.

Entretanto, Pequim já sofreu algumas sanções por causa do apoio à Rússia, nomeadamente, dos EUA. No mês passado, os norte-americanos anunciaram restrições que visariam cerca de 20 empresas sediadas na China e em Hong Kong.

Para além do Irão e da Coreia do Norte, Stoltenberg lembra que “a Rússia, neste momento, está a alinhar-se cada vez mais com líderes autoritários”, como a China.
Parcerias de duas caras
Desde que a invasão da Rússia começou em fevereiro de 2022, a China declarou o desejo de paz e defendeu uma posição publicamente neutra.

No início de junho, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, afirmou que Pequim “valoriza a sua parceria estratégica com a Ucrânia”.

“Desde a escalada total da crise na Ucrânia, a China tem mantido a comunicação e a cooperação com a Ucrânia”, sublinhou. “A China ainda é o maior parceiro comercial da Ucrânia. A nossa Embaixada na Ucrânia continua a funcionar normalmente”, acrescentou Ning.

Porém, a China também representa a maior potência comercial da Rússia, uma posição que foi solidificada depois de dezenas de países em todo o mundo terem sancionado as exportações e importações, de e para a Rússia.

“Publicamente, o presidente chinês Xi Jinping tentou criar a impressão de que está a ficar em segundo plano neste conflito para evitar sanções e manter o fluxo comercial”, sublinhou Stoltenberg.
Aliança nuclear
Nesta segunda-feira, Stoltenberg voltou a comentar as declarações publicadas na rede social Telegraph, durante o fim-de-semana. Essas palavras apontavam para a possibilidade de a NATO equacionar o aumento do número de ogivas destacáveis como um impedimento contra as ameaças crescentes da Rússia e da China.

De imediato surgiram críticas do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que adverte para a “escalada de tensão”.

Na contra-resposta, Stoltenberg alega que essas palavras constituíam uma “mensagem geral” que apenas relembra que a NATO é uma aliança nuclear e que qualquer ataque a um membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte “desencadeará uma resposta de toda a aliança”.

“O objetivo da NATO não é lutar na guerra, o objetivo da organização é prevenir a guerra”, deixa claro o secretário-geral da NATO.


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