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O que esperar da guerra na Ucrânia em 2024, segundo Zelensky e Putin

por Cristina Sambado - RTP
Soldados ucranianos aquecem-se junto a uma fogueira na área de treino especial multinacional do exército alemão Bundeswehr Liesa Johannssen - Reuters

Os presidentes russo e ucraniano, Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, fizeram, nas recentes conferências de imprensa anuais, o balanço de 2023 e definiram as prioridades para o próximo ano. Conferimos aqui as posições de ambos.

Os dois líderes excluem qualquer possibilidade de negociações para colocar um ponto final no conflito que começou a 24 de fevereiro de 2022.

Putin insiste que a paz só será possível quando os objetivos de Moscovo forem atingidos, nomeadamente "a desnazificação da Ucrânia, a sua desmilitarização e o seu estatuto de neutralidade".

Segundo o presidente russo, Moscovo e Kiev “concordaram” com esses critérios durante as primeiras negociações em Istambul, no início do conflito, tentativas de acordo que foram posteriormente abandonadas.

"Há outras possibilidades, quer para chegar a um acordo, quer para resolver o problema pela força. É isso que vamos tentar fazer", afirmou Putin.

Já Volodymyr Zelensky reiterou o seu objetivo de recuperar o controlo de todos os territórios ocupados pela Rússia, incluindo a Crimeia, anexada em 2014. "A estratégia não pode ser alterada", avisou.

Também excluiu quaisquer negociações com Moscovo. "Hoje, isso não é relevante. Não estou a ver a Rússia a pedir isso. Não o vejo nas suas ações. Tudo o que vejo na retórica é insolência", sublinhou.
As promessas e os apelos aos concidadãos
Sem compromissos, Putin prometeu aos russos que a “vitória será nossa”. Segundo o presidente russo, o país construiu uma “margem de segurança” suficiente para “seguir em frente”.

A sociedade russa está fortemente consolidada e a economia russa tem uma reserva de força e estabilidade”, garantiu.

Já Zelensky apelou aos ucranianos para que “não percam a capacidade de resistência”.

O presidente ucraniano apelou aos concidadãos para que não percam a “resiliência” e frisou que não se sabe se a guerra terminará no próximo ano.
Quem é o vencedor até agora?
O presidente ucraniano recordou o fracasso da contraofensiva no verão: a falta de munições e a superioridade aérea de Moscovo.

Precisamos de apoio, porque simplesmente não temos munições”, afirmou Volodymyr Zelensky que recusou adiantar os planos para o exército ucraniano para 2024.

Já Putin congratulou-se com o facto de as suas tropas estarem “a melhorar as suas posições em quase toda a linha fronteiriça”. Apesar de admitir a existência de uma vantagem ucraniana na margem sul do rio Dnieper, o presidente russo garantiu que as tropas de Kiev estavam a ser “aniquiladas” pelo fogo da artilharia russa.
Cansaço do Ocidente
Vladimir Putin, cuja reeleição em março é um dado adquirido, aposta no cansaço da ajuda, financeira e militar, à Ucrânia, que é motivo de discussões políticas na União Europeia e nos Estados Unidos. Para o presidente russo o apoio “parece que está a acabar pouco a pouco”.

Por outro lado, Volodymyr Zelensky mostrou-se confiante que a ajuda será prestada e que Washington “não trairá” a Ucrânia.

No entanto, o presidente ucraniano teme uma mudança política nos EUA se Trump regressar à Casa Branca.

“Se a política do próximo presidente, seja ele quem for, for diferente em relação à Ucrânia, mais fria ou mais económica, então penso que estes sinais terão um impacto muito forte no curso da guerra”, alertou.
Falta de militares
Numa altura em que a escassez de soldados na linha da frente é cada vez mais evidente, Zelensky referiu-se a plano do exército que propõe mobilizar “450 mil a 500 mil efetivos adicionais” até 2024, apesar de não querer comentar o tema.

Para colmatar a falta de munições, o presidente ucraniano quer produzir “um milhão de drones no próximo ano”.

Putin considera que qualquer nova mobilização após a impopular de setembro de 2022 “não é necessária”. A Rússia conseguiu recrutar de forma voluntária 486 mil homens para o exército em 2023, um esforço que se deve manter.

O presidente russo prometeu também continuar a reforçar as capacidades militares, numa altura em que Moscovo virou a sua economia para o esforço de guerra e é suspeita de ter recebido grandes quantidades de munições da Coreia do Norte.

c/ France Presse
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