"O princípio do fim". Conservadores rebeldes prometem continuar a tentar derrubar Boris Johnson
Boris Johnson conseguiu na última noite sobreviver a uma moção de censura no Parlamento britânico e pôde respirar de alívio. A vida do primeiro-ministro não se torna, porém, menos difícil, tendo agora de lidar com a divisão interna no seu partido. Os conservadores rebeldes que votaram a favor da expulsão do líder prometem continuar a tentar afastá-lo. E até os seus aliados reconhecem que este pode ser "o princípio do fim".
Além disso, continuará nas próximas semanas mais um inquérito ao Partygate – caso pelo qual ficou conhecido o conjunto de escândalos sobre festas em Downing Street durante confinamentos na pandemia de covid-19. Desta feita, a investigação irá apurar se Johnson enganou o Parlamento quando negou que tivessem sido quebradas nessas festas quaisquer restrições pandémicas. Todos os argumentos serão, a partir de agora, aproveitados pelos opositores do primeiro-ministro, segundo os quais o líder “tem os dias contados”.
Os aliados de Boris Johnson continuam, por outro lado, a tentar salvar essa reputação. Ao Guardian, fontes do Governo britânico garantiram que a margem de vitória do chefe de Governo na noite passada pouco importa, visto que “uma vitória é uma vitória”.
Consideram, por isso, que os rebeldes precisam “ou de mudar as regras, ou de ficar calados”. Defendem ainda que sejam tomadas medidas drásticas para “restaurar a disciplina” no Governo, propondo a demissão dos funcionários que na segunda-feira tenham ficado em silêncio enquanto outros declaravam, no Twitter, o seu apoio ao primeiro-ministro.Outros apoiantes sugerem que seja retirado o poder a alguns dos rebeldes que acusam de terem prejudicado Boris Johnson e liderado uma campanha para o derrubar.
Analistas políticos consideram que tais medidas apenas ajudariam a inflamar um ambiente já tóxico dentro do Partido Conservador. Ainda antes da votação de segunda-feira, Johnson tinha alertado para o risco de uma “guerra civil” entre os tories (deputados conservadores).
Um aliado do chefe de Governo admitiu mesmo na noite segunda-feira que a Administração Johnson está “a aproximar-se o início do fim”.
Entretanto, a oposição trabalhista começa a esfregar as mãos na esperança de que a turbulência interna contribua para baixar a popularidade do primeiro-ministro e dos conservadores no geral, abrindo portas a uma liderança de esquerda no Reino Unido.