"O princípio do fim". Conservadores rebeldes prometem continuar a tentar derrubar Boris Johnson

por RTP
Foi com 211 votos a favor e 148 contra que Boris Johnson venceu a confiança dos deputados na segunda-feira. Reuters

Boris Johnson conseguiu na última noite sobreviver a uma moção de censura no Parlamento britânico e pôde respirar de alívio. A vida do primeiro-ministro não se torna, porém, menos difícil, tendo agora de lidar com a divisão interna no seu partido. Os conservadores rebeldes que votaram a favor da expulsão do líder prometem continuar a tentar afastá-lo. E até os seus aliados reconhecem que este pode ser "o princípio do fim".

Foi com 211 votos a favor e 148 contra que Boris Johnson bateu a moção de censura na segunda-feira, ficando imune a iniciativas do género durante o próximo ano. Mas essa imunidade não deverá adormecer a onda de críticas ao primeiro-ministro, até porque os 40 por cento de parlamentares que votaram contra disseram “impor-se implacavelmente” à sua liderança.

Além disso, continuará nas próximas semanas mais um inquérito ao Partygate – caso pelo qual ficou conhecido o conjunto de escândalos sobre festas em Downing Street durante confinamentos na pandemia de covid-19. Desta feita, a investigação irá apurar se Johnson enganou o Parlamento quando negou que tivessem sido quebradas nessas festas quaisquer restrições pandémicas. Todos os argumentos serão, a partir de agora, aproveitados pelos opositores do primeiro-ministro, segundo os quais o líder “tem os dias contados”.

O caso parece uma repetição da moção de censura à então primeira-ministra Theresa May em 2018, que venceu coma aprovação de dois terços dos parlamentares, mas cuja reputação ficou irremediavelmente manchada.
Trabalhistas aguardam resultados da luta interna entre tories
Os aliados de Boris Johnson continuam, por outro lado, a tentar salvar essa reputação. Ao Guardian, fontes do Governo britânico garantiram que a margem de vitória do chefe de Governo na noite passada pouco importa, visto que “uma vitória é uma vitória”.

Consideram, por isso, que os rebeldes precisam “ou de mudar as regras, ou de ficar calados”. Defendem ainda que sejam tomadas medidas drásticas para “restaurar a disciplina” no Governo, propondo a demissão dos funcionários que na segunda-feira tenham ficado em silêncio enquanto outros declaravam, no Twitter, o seu apoio ao primeiro-ministro.Outros apoiantes sugerem que seja retirado o poder a alguns dos rebeldes que acusam de terem prejudicado Boris Johnson e liderado uma campanha para o derrubar.

Analistas políticos consideram que tais medidas apenas ajudariam a inflamar um ambiente já tóxico dentro do Partido Conservador. Ainda antes da votação de segunda-feira, Johnson tinha alertado para o risco de uma “guerra civil” entre os tories (deputados conservadores).

Um aliado do chefe de Governo admitiu mesmo na noite segunda-feira que a Administração Johnson está “a aproximar-se o início do fim”.

Entretanto, a oposição trabalhista começa a esfregar as mãos na esperança de que a turbulência interna contribua para baixar a popularidade do primeiro-ministro e dos conservadores no geral, abrindo portas a uma liderança de esquerda no Reino Unido.
PUB