O Rio de Janeiro é palco da Cimeira do G20, que começa esta segunda-feira. Na cerimónia de abertura, o presidente brasileiro lançou a Aliança Global contra a fome, apelando a que os líderes lutem para "acabar com essa chaga que envergonha a humanidade". Segundo Lula da Silva, "o mundo está pior" desde a primeira cimeira de líderes, há 16 anos.
O Rio de Janeiro, a cidade que acolhe a cimeira do G20, "é a síntese dos contrastes que caracterizam o Brasil, a América Latina e o mundo": por um lado, "a beleza exuberante da natureza sob os braços abertos do Cristo Redentor" e um povo diverso, vibrante, criativo e acolhedor"; por outro, as "injustiças sociais profundas" e o "retrato vivo de desigualdades históricas persistentes".
O presidente do Brasil esteve, na primeira reunião de líderes do G20, convocada em Washington, quando o mundo enfrentava a crise financeira de 2008.
"Dezesseis anos depois, constato com tristeza que o mundo está pior", lamentou Lula da Silva.
"Temos o maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já registada. Os fenómenos climáticos extremos mostram os seus efeitos devastadores em todos os cantos do planeta. As desigualdades sociais, raciais e de género se aprofundam, na esteira de uma pandemia que ceifou mais de 15 milhões de vidas".
E frisou: "o símbolo máximo na nossa tragédia coletiva é a fome e a pobreza".
Cerca de 733 milhões de pessoas sobrevivem "subnutridas" e, segundo o chefe de Estado brasileiro, é "como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome".
E num mundo onde se produz quase seis mil milhões de toneladas de alimentos por ano e em que os gastos militares superam os 2,4 triliões de dólares, Lula admitiu: "isso é inadmissível".
"A fome e a pobreza não são resultado da escassez ou de fenómenos naturais", apontou ainda, citando o cientista Josué de Castro: "a fome é a expressão biológica dos males sociais".
A fome, continuou, é "produto de decisões políticas, que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade".
"A fome e a pobreza não são resultado da escassez ou de fenómenos naturais", apontou ainda, citando o cientista Josué de Castro: "a fome é a expressão biológica dos males sociais".
A fome, continuou, é "produto de decisões políticas, que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade".
Dirigindo-se ao chefes de Estado e de Governo presentes, o presidente brasileiro recordou que o "G20 representa 85 por cento dos 110 triliões de dólares do PIB mundial".
Por isso, apelou: "Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade".
O objetivo central da presidência brasileira no G20, explicou é, por isso, "o lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza". Com esta iniciativa, o Brasil espera articular "recomendações internacionais, políticas públicas eficazes e fontes de financiamento".
"Será o nosso maior legado. Não se trata apenas de fazer justiça. Essa é uma condição imprescindível para construir sociedades mais prósperas e um mundo de paz".
Por isso, apelou: "Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade".
O objetivo central da presidência brasileira no G20, explicou é, por isso, "o lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza". Com esta iniciativa, o Brasil espera articular "recomendações internacionais, políticas públicas eficazes e fontes de financiamento".
"Será o nosso maior legado. Não se trata apenas de fazer justiça. Essa é uma condição imprescindível para construir sociedades mais prósperas e um mundo de paz".
"Aqueles que sempre foram invisíveis estarão ao centro da agenda internacional", acrescentou. "Já contamos com a adesão de 81 países, 26 organizações internacionais, 9 instituições financeiras e 31 fundações filantrópicas e organizações não-governamentais".
Portugal vai contribuir com 300.000 dólares anuais
Portugal vai contribuir com 300 mil dólares anuais para a nova Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, anunciou Luís Montenegro.
"O nosso compromisso é firme, assim como será o nosso investimento. Portugal irá contribuir com cerca de 10 por cento do custo de funcionamento do mecanismo de Apoio da Aliança, 300.000 dólares (cerca de 284 mil euros), pelo menos até 2030", afirmou o primeiro-ministro.
A decisão histórica de criar esta Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, na perspetiva de Montenegro, "irá imprimir uma nova dinâmica política e deverá mobilizar-nos a todos para atingir os objetivos de de desenvolvimento sustentável 1 e 2 [das Nações Unidas] até 2030".
O primeiro-ministro afirmou ainda que "quebrar ciclos intergeracionais de pobreza é uma das prioridades de Portugal".
"É, assim, com especial satisfação que vemos as crianças e jovens no centro das preocupações refletidas no documento fundacional da Aliança".
Portugal vai contribuir com 300 mil dólares anuais para a nova Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, anunciou Luís Montenegro.
"O nosso compromisso é firme, assim como será o nosso investimento. Portugal irá contribuir com cerca de 10 por cento do custo de funcionamento do mecanismo de Apoio da Aliança, 300.000 dólares (cerca de 284 mil euros), pelo menos até 2030", afirmou o primeiro-ministro.
A decisão histórica de criar esta Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, na perspetiva de Montenegro, "irá imprimir uma nova dinâmica política e deverá mobilizar-nos a todos para atingir os objetivos de de desenvolvimento sustentável 1 e 2 [das Nações Unidas] até 2030".
O primeiro-ministro afirmou ainda que "quebrar ciclos intergeracionais de pobreza é uma das prioridades de Portugal".
"É, assim, com especial satisfação que vemos as crianças e jovens no centro das preocupações refletidas no documento fundacional da Aliança".
O primeiro-ministro defendeu ainda perante o G20 que o lançamento da Aliança Global contra a Fome e Pobreza numa época de crises é “sinal de inconformismo e vitalidade do multilateralismo”, reiterando a condenação da Rússia pela invasão da Ucrânia.
Para Montenegro, o lançamento desta iniciativa, a que Portugal se juntou como país fundador, “representa um sinal de inconformismo e da vitalidade do multilateralismo, bem como do valor do diálogo e da cooperação internacional para enfrentar desafios comuns e de natureza global”.
“Contem connosco para contribuir para um mundo mais solidário, justo e próspero que não ‘deixa ninguém para trás’”, disse, na intervenção escrita a que a comunicação social teve acesso, já que os trabalhos do G20 decorrem sem transmissão de sinal à imprensa.
Montenegro aproveitou para voltar a condenar “veementemente a guerra ilegal de agressão da Rússia contra a Ucrânia”.
“Portugal defende uma ordem internacional fundada no respeito integral pelo Direito Internacional. Tal inclui a abstenção do uso da força e o respeito pela soberania e a integridade territorial dos Estados”, referiu o primeiro-ministro português, que defendeu igualmente como essencial “garantir o respeito pelo Direito Internacional Humanitário”, considerando “urgente alcançar um cessar-fogo imediato em Gaza e no Líbano, de forma a garantir a proteção dos civis e proporcionar espaço à diplomacia no sentido da paz”.
“Impõe-se, igualmente, enfrentar os desafios e conflitos no continente africano - no Sudão, no Sahel ou nos Grandes Lagos -, que têm deixado milhões de pessoas no limiar da subsistência, ou mesmo para lá dele”, continuou.
O primeiro-ministro apelou, por outro lado, a que seja ultrapassado o bloqueio atual do Conselho de Segurança das Nações Unidas e “reforçar a sua representatividade e a efetividade das suas decisões, num contexto geopolítico em que o seu papel é mais necessário do que nunca”.
Para Montenegro, o lançamento desta iniciativa, a que Portugal se juntou como país fundador, “representa um sinal de inconformismo e da vitalidade do multilateralismo, bem como do valor do diálogo e da cooperação internacional para enfrentar desafios comuns e de natureza global”.
“Contem connosco para contribuir para um mundo mais solidário, justo e próspero que não ‘deixa ninguém para trás’”, disse, na intervenção escrita a que a comunicação social teve acesso, já que os trabalhos do G20 decorrem sem transmissão de sinal à imprensa.
Montenegro aproveitou para voltar a condenar “veementemente a guerra ilegal de agressão da Rússia contra a Ucrânia”.
“Portugal defende uma ordem internacional fundada no respeito integral pelo Direito Internacional. Tal inclui a abstenção do uso da força e o respeito pela soberania e a integridade territorial dos Estados”, referiu o primeiro-ministro português, que defendeu igualmente como essencial “garantir o respeito pelo Direito Internacional Humanitário”, considerando “urgente alcançar um cessar-fogo imediato em Gaza e no Líbano, de forma a garantir a proteção dos civis e proporcionar espaço à diplomacia no sentido da paz”.
“Impõe-se, igualmente, enfrentar os desafios e conflitos no continente africano - no Sudão, no Sahel ou nos Grandes Lagos -, que têm deixado milhões de pessoas no limiar da subsistência, ou mesmo para lá dele”, continuou.
O primeiro-ministro apelou, por outro lado, a que seja ultrapassado o bloqueio atual do Conselho de Segurança das Nações Unidas e “reforçar a sua representatividade e a efetividade das suas decisões, num contexto geopolítico em que o seu papel é mais necessário do que nunca”.
Argentina adere à Aliança
A Argentina, que era o único país do G20 ausente da Aliança Global Contra a Fome quando esta foi lançada pelo presidente brasileiro Lula anunciou que também aderiu, segundo uma fonte do governo brasileiro.
O país presidido por Javier Milei “acaba de aderir”, disse esta fonte à AFP, mais de uma hora depois do discurso de lançamento de Luiz Inácio Lula da Silva, durante a primeira sessão plenária da cimeira do G20 no Rio de Janeiro.
A decisão argentina eleva o número de países membros para 82.
A Argentina, que era o único país do G20 ausente da Aliança Global Contra a Fome quando esta foi lançada pelo presidente brasileiro Lula anunciou que também aderiu, segundo uma fonte do governo brasileiro.
O país presidido por Javier Milei “acaba de aderir”, disse esta fonte à AFP, mais de uma hora depois do discurso de lançamento de Luiz Inácio Lula da Silva, durante a primeira sessão plenária da cimeira do G20 no Rio de Janeiro.
A decisão argentina eleva o número de países membros para 82.
A iniciativa procura acelerar o progresso na eliminação da fome e na redução da pobreza, superando as metas estabelecidas na Agenda 2030. A Aliança lançada pelo Brasil será gerida com base num secretariado alojado nas sedes da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) em Roma e em Brasília, formada por pessoal especializado e funcionará até 2030.
O diretor-geral adjunto para a Política Externa do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), Ricardo Vitória, é o representante português.
As bases da aliança já tinham sido aprovadas em julho por mais de 50 delegações, incluindo os membros do G20, o fórum que reúne as maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana, países convidados, como Portugal, e organizações internacionais.
O diretor-geral adjunto para a Política Externa do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), Ricardo Vitória, é o representante português.
As bases da aliança já tinham sido aprovadas em julho por mais de 50 delegações, incluindo os membros do G20, o fórum que reúne as maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana, países convidados, como Portugal, e organizações internacionais.
C/agências