Foto: J.J. Guillen - EPA
O presidente da República elogiou esta terça-feira o percurso de António Guterres, que recebeu em Espanha o prémio Carlos V. Marcelo Rebelo de Sousa relembrou os momentos-chave que passou junto de Guterres, desde a adolescência até à atualidade. E enalteceu o homem que "uma e outra vez tem sido e continua a ser considerado o melhor da sua geração".
Falando num “grande compatriota” e num “grande português que nunca esqueceu a missão primordial da Constituição da Europa”, o presidente da República recordou num discurso sentido os tempos de juventude e amizade com o atual secretário-geral das Nações Unidas.
Marcelo Rebelo de Sousa prosseguiu dizendo que Guterres “era o melhor na humanidade, no saber falar à cabeça, mas sobretudo ao coração”. “Na empatia, na cumplicidade afetiva com os outros, todos os outros, e em especial os mais pobres, os mais dependentes, os mais explorados, os mais excluídos”, acrescentou.
“Ele era o melhor em engenharia. Ele era o melhor na aplicação do seu rigor à economia. Ele era o melhor na visão geoestratégica – na geoestratégica macro das relações entre povos, mas em particular na geoestratégica micro, dos bairros de lata, das crianças do interior do nosso país, dos que não tinham água, não tinham saneamento básico, não tinham acesso à saúde, não tinham escolaridade mínima, não tinham proteção social no Portugal de há 60 anos”.
"Imparável na luta pela Europa"
O presidente português falou ainda num homem “imparável na defesa dos seus ideais, imparável na defesa de horizontes universais, imparável na luta pela Europa, porque, para ele, Portugal era Europa e era universo”.“O António Guterres de 1970 era único, era singular. Nele, já estava em plenitude o europeísta que, como primeiro-ministro, terminou com determinação o caminho para o euro. Mas também o chefe de Governo que criou a escolaridade básica universal. Nele estava já em plenitude o alto-comissário para os Refugiados, apóstolo do que mais inspira a sua vida: servir os outros, ser humilde no terreno, salvar vidas, recriar vidas, dar dignidade a vidas”, declarou.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, em Guterres estava já nessa altura, “em plenitude, o secretário-geral das Nações Unidas, o defensor do multilateralismo, dos Direitos Humanos, da paz, da firmeza nos valores, mas também da tolerância e do diálogo entre pessoas e povos”.
“Quis o destino que com ele vivesse a fim da ditadura e a transição para a democracia”, acrescentou o presidente, terminando com um agradecimento: “muito obrigado, António Guterres, desde sempre e para sempre”.