"Nunca devemos cair na violência". Biden pede união após atentado contra Trump

por Inês Moreira Santos - RTP
Biden pede calma aos norte-americanos Enin Schaff - EPA

Na sequência do atentado contra Donald Trump, durante um comício no passado sábado, Joe Biden condena a violência política e apela à unidade nacional. Assumindo o papel de presidente dos Estados Unidos - e não apenas de candidato e adversário -, pediu calma ao país e reforçou que a política não é um "campo de morte", rejeitando "extremismo e fúria".

"Não importa quão fortes são as nossas convicções, nunca devemos cair na violência", afirmou Joe Biden, no domingo à noite.

Num curto discurso de menos de dez minutos, o presidente norte-americano pediu ao país que desse “um passo atrás” e alertou para o facto de a “retórica política” estar a ficar “muito quente”.

"Quero falar-vos esta noite sobre a necessidade de baixar a temperatura da nossa vida política", sustentou Biden, num discurso a partir da Sala Oval da Casa Branca.

"Todos nós enfrentamos um período de teste à medida que nos aproximamos das eleições [Presidenciais, em novembro]. Quanto mais altos os riscos, mais quentes as paixões", acrescentou o candidato democrata. “É altura de nos acalmarmos".

No terceiro discurso da Presidência a partir da Sala Oval, Biden condenou a “tentativa de homicídio” do adversário republicano: “é contrária a tudo o que defendemos como país”.“Não é quem somos enquanto país. Não é a América. E não podemos permitir que isto aconteça”.

A unidade, continuou o chefe de Estado, “é o objetivo mais fugidio de todos”. Apesar de enquanto candidato poder “debater e discordar” de Donald Trump, o democrata reforçou que “nada é mais importante neste momento” do que a “unidade”.

“Não há lugar na América para esse tipo de violência – para qualquer violência. Nunca. Ponto final. Sem exceção”, disse ainda. “Não podemos permitir que essa violência seja normalizada.”

"Não podemos, nem devemos, seguir este caminho novamente. Já passámos por isto antes na nossa história", disse Biden, citando atentados contra membros do Congresso em ambos os partidos, o ataque ao marido da ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e os tumultos de 6 de janeiro.

“Na América, resolvemos as nossas diferenças nas urnas”, sublinhou. “Nas urnas. Não com balas.”
O apelo para a calma e unidade de Biden aconteceu depois de Trump ter afirmado que iria aproveitar o discurso na Convenção Nacional Republicana para unir “o país inteiro, até mesmo o mundo inteiro”. O presidente norte-americano ordenou que se investigasse como é que o atirador tinha tido acesso a um telhado com vista para o comício de Trump, acabando por disparar vários tiros na direção do ex-presidente.

No sábado, num comício em Butler, na Pensilvânia, Donald Trump, de 78 anos, foi alvejado numa orelha. No ataque, que o FBI disse ter sido uma tentativa de homicídio, morreu um apoiante e dois ficaram gravemente feridos. Foi ainda identificado o autor dos disparos como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, que foi abatido no local.
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