São Tomé, 25 jun 2019 (Lusa) - O presidente do Ação Democrática Independente (ADI), na oposição em São Tomé e Príncipe, ameaçou hoje afastar o líder parlamentar, que acusou de se comportar "como um opositor" à nova direção do partido.
"Obviamente que se ele se apresentar como um opositor da nova liderança do partido não nos restará outra possibilidade senão instaurar um processo disciplinar, afastá-lo do partido e encontrar uma nova liderança para o grupo parlamentar do ADI", disse o novo presidente do ADI, Agostinho Fernandes, hoje à saída de uma audiência com o embaixador de Portugal em São Tomé, Luís Gaspar da Silva.
Agostinho Fernandes iniciou na semana passada um ciclo de encontros com entidades políticas, religiosas e representantes de missões diplomáticas.
Foi recebido pelo presidente do Tribunal de Contas, pelo presidente da Assembleia Nacional e, hoje, pelo embaixador português, aos quais se apresentou como novo presidente do partido ADI.
À saída do encontro com o diplonata português, Agostinho Fernandes acusou o líder da bancada do ADI, Abnildo Oliveira, de se "comportar como um opositor".
"Ele faz parte do grupo das pessoas com quem nós estamos a conversar. Iniciámos essa conversa na quinta-feira passada, deveríamos continuar na segunda, mas vamos, em princípio continuar amanhã [quarta-feira], e se ele mantiver o comportamento de oposição à nova liderança do partido, não nos restará outra saída senão afastá-lo do partido e, consequentemente, de deputado do ADI", explicou o responsável.
Agostinho Fernandes garante que "todos os militantes que não reconheceram a nova direção do partido e que se expressarem publicamente nesse sentido terão os competentes processos disciplinares e serão sancionados de acordo com a gravidade da sua atuação".
Entre esses militantes, Agostinho Fernandes cita particularmente os secretários distritais, sublinhando, entretanto que "o ADI continuará a fazer o seu trabalho, sempre pugnando pela união, sempre procurando a paz e a verdade e disponível para esclarecer todos os militantes e dirigentes" desta formação política.
"A nossa postura é a favor do ADI, dos militantes e de São Tomé e Príncipe", sublinhou.
Na última sexta-feira, a comissão de gestão do ADI, liderada pelo antigo presidente da Assembleia Nacional José Diogo distribuiu um comunicado apelando aos órgãos de soberania, entidades públicas e privadas, embaixadores e organizações nacionais e internacionais para não reconhecerem a atual direção liderada por Agostinho Fernandes.
"O senhor doutor Agostinho Fernandes não é presidente, nem representa o partido ADI, pelo facto de fazer parte de um grupo de elementos que foram expulsos do partido", diz o comunicado.
"Até à realização do nosso congresso, que será para breve, o partido é dirigido por uma comissão de gestão chefiada pelo engenheiro José da Graça Diogo. A mesma comissão, com o mandato do Conselho Nacional, representa oficialmente o partido", acrescentava o comunicado de dois parágrafos deste órgão do ADI.
Agostinho Fernandes foi eleito presidente do ADI, há um mês, num congresso realizado na capital são-tomense, mas a comissão política do partido anunciou no mesmo dia a sua expulsão, além de outros 13 militantes.