Novo Presidente de São Tomé e Príncipe chegou à política há pouco mais de 10 anos

por Lusa

São Tomé, 02 out 2021 (Lusa) -- O quinto Presidente da República de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, dedicou grande parte da sua vida profissional ao setor do turismo, antes de entrar para a política, como ministro de governos da Ação Democrática Independente (ADI).

Hoje empossado Presidente da República de São Tomé e Príncipe, o empresário e deputado da oposição Carlos Vila Nova, 62 anos, foi eleito a 05 de setembro, na segunda volta das eleições presidenciais, com 57,6% dos votos, correspondentes a 45.534 votos.

O seu adversário na segunda volta, Guilherme Posser da Costa, apoiado pelos partidos que compõem a `nova maioria` (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe -- Partido Social Democrata, Partido da Convergência Democrática e coligação UDD/MDFM), obteve 42,4% dos votos, correspondentes a 33.585 votos.

Depois de ter trabalhado no turismo durante mais de 20 anos, entrou para a política pela mão do antigo primeiro-ministro Patrice Trovoada, integrando os seus executivos em 2010, de 2012 a 2014 e de 2014 a 2018, ocupando pastas como as Infraestruturas, Ambiente, Obras Públicas ou Recursos Naturais e Energia.

Só depois de ser ministro viria a aderir à ADI, liderada por Patrice Trovoada, pelo qual foi eleito deputado em 2014.

Nascido em 27 de julho de 1959 na cidade de Neves, norte da ilha de São Tomé, licenciou-se em Engenharia de Telecomunicações na Argélia e trabalhou como quadro superior na função pública, antes de ingressar na área do turismo.

Adepto do Benfica e filho de pai português, Carlos Vila Nova tem familiares e um apartamento nos arredores de Lisboa. Tem duas filhas, uma a residir em Portugal e outra no Reino Unido.

Leitor ávido, gosta de se "perder" nas feiras de livros, como as que existem em algumas estações de metro lisboetas.

Mas, admitiu o próprio à Lusa, a longa campanha eleitoral para as presidenciais, que se arrastou por um mês a mais que o previsto, impediu-o de manter a leitura em dia.

"Tenho três livros por acabar há mais de seis meses", lamentou, dias depois de ter sido eleito Presidente.

Apreciador da natureza, gosta de fazer caminhadas e de ter contacto com a vida selvagem.

"Como profissional do turismo que tenho sido ao longo destes anos, habituei-me muito à questão da proteção [da natureza] e São Tomé e Príncipe tem valências que são muito importantes e únicas sobretudo no domínio da ornitologia", comentou, confessando a sua paixão por pássaros, que gosta de observar e estudar.

O mesmo em relação às plantas, procura conhecer as suas características e propriedades.

Na véspera das eleições, o então candidato sentiu-se adoentado e febril. Colheu uns pés de coentros selvagens do seu jardim e fez um chá. "No dia seguinte, estava impecável", relatou à Lusa.

Quem o conhece descreve-o como "calmo" e "muito ponderado", mas também de ideias firmes.

Na campanha, os seus adversários acusaram-no de ser "uma marioneta" de Patrice Trovoada, que está ausente do país desde as eleições legislativas de outubro de 2018.

Às críticas, Vila Nova respondeu que apenas o povo lhe poderá "dar ordens", comprometendo-se a "respeitar o povo sempre", além de prometer trabalhar para acabar com o "ódio e perseguição" no país.

Em abril de 2019, já durante o atual Governo, liderado por Jorge Bom Jesus, o então deputado da oposição foi impedido de viajar para Portugal pela Polícia Judiciária são-tomense, quando já se encontrava no aeroporto, tendo sido convocado "para ser ouvido". No dia seguinte, esteve cinco horas à espera nas instalações da PJ, mas acabaria por ser libertado pelo Ministério Público, por ter imunidade parlamentar.

Foi o segundo caso, numa semana, de detenções de ex-ministros de Patrice Trovoada pela PJ. O antigo titular da pasta das Finanças Américo Ramos, esteve detido durante cerca de três meses, mas os processos acabariam por ser arquivados pelo Ministério Público, que condenou "veementemente" a atuação da Polícia Judiciária.

JH // PJA

 

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