Uma delegação iraquiana liderada pelo chefe dos serviços secretos, Hamid al-Shatari, reuniu-se hoje com o novo líder sírio, Ahmad al-Charaa, para discutir a estabilidade e a segurança das fronteiras após a queda de Bashar al-Assad.
O porta-voz do Governo iraquiano, Basem al Auadi, disse que a delegação se reuniu com "a nova administração síria" em Damasco para discutir "os desenvolvimentos na esfera síria e os requisitos de segurança, bem como a estabilidade nas fronteiras entre os dois países".
A deslocação, que constitui a primeira visita oficial de segurança iraquiana desde a queda de Assad, ocorre após o primeiro-ministro iraquiano, Mohamed Chia al-Soudani, ter anunciado a reabertura da missão diplomática iraquiana em Damasco, marcando o regresso do pessoal da embaixada, que tinha sido transferido para o Líbano após a queda do regime na Síria.
"O Iraque está empenhado em manter linhas de comunicação abertas com a nova liderança da Síria para garantir a estabilidade regional", afirmou al-Soudani.
A televisão síria, alinhada com o governo interino, confirmou o encontro com al-Charaa, anteriormente conhecido pelo nome de guerra Abu Mohammad al-Jolani, que liderou a ofensiva relâmpago do grupo islamita Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), a qual derrubou o regime do antigo Presidente Bashar al-Assad a 08 de dezembro.
A visita dos representantes iraquianos insere-se num processo de repatriamento dos milicianos e funcionários do regime Assad que se refugiaram no Iraque.
No dia 19, o Iraque entregou a uma força de proteção síria 1.905 oficiais e militares de diferentes patentes do exército sírio que fugiram do país através do posto fronteiriço de Albukamal.
O repatriamento foi feito "a pedido das pessoas em causa" e "depois de os requerentes se terem comprometido por escrito a regressar às suas famílias", segundo o gabinete de informação dos meios de segurança do Iraque.
Bashar al-Assad, que esteve no poder 24 anos, fugiu com a família para a Rússia, após a sua destituição pela HTS, herdeira da antiga afiliada síria da Al-Qaida e classificada como grupo terrorista por países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e ainda a União Europeia.
O novo poder instalado em Damasco nomeou o político Mohammed al-Bashir como primeiro-ministro interino do governo sírio de transição, cargo que assumirá até março de 2025.