Novo Governo e delegação russa discutiram justiça pelas vítimas de Assad
O novo governo da Síria disse esta quarta-feira que discutiu com uma delegação russa que visitou Damasco "mecanismos de transição judicial" destinados a fazer "justiça às vítimas da guerra brutal travada pelo regime de Assad".
Em 8 de dezembro de 2024, após uma ofensiva de 11 dias, uma coligação rebelde dominada pelo grupo radical islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) derrubou o governo de Bashar al-Assad, que se refugiou com a família na Rússia.
"O restabelecimento das relações deve ter em conta os erros do passado, respeitar a vontade do povo sírio e servir os seus interesses", alertou na terça-feira, em comunicado, a nova administração.
As discussões "centraram-se em questões-chave, incluindo o respeito pela soberania e integridade territorial da Síria", disse o governo sírio.
"A Rússia afirmou o seu apoio às mudanças positivas em curso na Síria. Destacou o papel da Rússia na restauração da confiança com o povo sírio através de medidas concretas, como reparações, reconstrução e recuperação", acrescentou.
Esta é a primeira visita de uma delegação da Rússia à Síria desde a queda de al-Assad, que era apoiado por Moscovo.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Mikhail Bogdanov disse que foi recebido durante três horas pelo novo líder sírio, Ahmad al-Sharaa, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Assaad Al-Chibani.
"A reunião correu bem no geral" e a Rússia está "pronta para contribuir para a estabilização da situação", disse Bogdanov, citado pelas agências de notícias russas Ria Novosti e TASS.
O diplomata estava acompanhado pelo enviado especial do Presidente russo para a Síria, Alexander Lavrentiev.
A queda de Assad foi um duro golpe para Moscovo, que, juntamente com o Irão, era o principal aliado do antigo presidente sírio e intervinha militarmente na Síria desde 2015.
Em causa, está o destino da base naval de Tartus e do aeródromo militar de Hmeimim, infraestruturas fundamentais para a Rússia manter a influência no Médio Oriente, na bacia do Mediterrâneo e até em África.