Novo coronavírus impulsiona a robotização na China

O surto epidémico de coronavírus que surgiu no território chinês e que agora está praticamente em todo mundo está a gerar um sentimento de pânico generalizado. Os robôs são parte da solução na ajuda e no evitar do contacto humano.

Países e cidades de quarentena, menos deslocações e viagens, edifícios públicos e escolas condicionadas, implementação de protocolos de segurança bacteriológicos, quebras no consumo e várias brechas nos mercados económicos são resumo e resultado desta, já clasificada pela OMS de pandemia, de nome técnico Covid-19.

Mas assim como as crises trazem riscos, também elas são repletas de oportunidades.

A China, potência de forte desenvolvimento tecnológico, está a aproveitar esta crise de saúde para colocar em prática um conjunto de meios técnicos, na ajuda e solução. E a robotização tem sido uma das respostas.

Hospital de Wuhan coloca robôs ao serviço
Certamente já ouviu falar da construção de um hospital na China em dez dias. Um edifício feito de raiz, devido ao surto do coronavírus, que muitos dizem que só podia ter sido feito neste território.

Certo é que os chineses espantaram o mundo ao mostrarem ser capazes de algo dito "impensável". Nos países catalogados de "desenvolvidos", montam-se hospitais de campanha para colmatar as necessidades dos grandes centros hospitalares.

Os chineses quiseram ir ainda mais longe e após a entrada em funcionamento deste espaço de confinamento sanitário, as medidas internas implementadas foram pensadas em conter o risco da melhor forma possível.

É aqui que entram as unidades autónomas e robotizadas que efetuam serviços, que podem facilmente ser executadas por máquinas.Os robôs entregam alimentos, bebidas e medicamentos aos pacientes, conseguindo desta forma o menor contacto com outros seres humanos.

Com aparência humanoide ou outros formatos, estes novos sistemas de transporte e distribuição estão a minimizar o contacto entre infetados e pessoal cuidador.

Um dos exemplos é um robô, construído com várias prateleiras, que se desloca aos quartos de isolamento e entrega alimentação e medicamentos.

Fonte: News China/DR

Ainda dentro deste hospital, a robotização não se esgota neste prático robô, existindo outros servindo dentro das enfermarias e entregando os devidos medicamentos e equipamentos a médicos.

A nova enfermaria hospitalar administrada inteiramente por robôs aberta em Wuhan visa tentar proteger as equipas médicas de contrair o coronavírus.


Fonte:CGTN/DR

Outros ajudam na receção hospitalar dos pacientes e analisam primariamente os utentes na chegada as urgências.

Limpeza e transporte citadino
Não é só em meio hospitalar que os robôs chineses estão a revolucionar a nova forma de viver. Também nos espaços urbanos se pode ver alguns dos sistemas automatizados a funcionar.

Pequenos carros completamente autómatos estão já a ser utilizados para executar serviços anteriormente feitos por humanos, que agora estão confinados de quarentena em suas casas.


Fonte: New China/DR

Se a limpeza é um ato essencial, também este está a ser realizado por autómatos.


Um virar de página no século XXI em que uma crise origina uma oportunidade e empurra a robotização da experimentação e ficção para o quotidiano.

Robôlução
Nas últimas décadas a China desenvolveu um forte investimento na tecnologia. Apesar da forte presença de capital humano, a China continua a apostar no desenvolvimento da industrialização à base da tecnologia e a robotização é um dos pilares.

Neste mercado, a China conta já com mais de 800 fabricantes de robôs, incluindo as principais marcas, tal como a SIASUN e DJI Innovations.
O desenvolvimento da robótica faz parte de um ambicioso plano diretor Made in China 2025 que tem com finalidade atualizar as tecnologias de fabricação do país.

Com a crescente procura interna a indústria robótica chinesa está a caminho de responder a cerca de 45 por cento a todas as remessas de robôs industriais até 2021, face aos 39 por cento durante o ano de 2019, antevê um grupo de pesquisa na área robótica.

Ainda de acordo com este grupo de estudo, no passado, a China estava claramente uns passos atrás de outros países na aplicação de forças de trabalho robóticas, contando a estatística com 97 robôs industriais por cada dez mil trabalhadores industriais. Ou seja, metade do número de robôs industriais presentes nos Estado Unidos e um sétimo da vizinha Coreia do Sul.

Emil Hauch Jensen, vice-presidente de vendas da Mobile Industrial Robots, em Xangai, afirma que o surto do novo coronavírus colocou uma "urgência renovada por trás da tendência para o aumento da automação e uso da robótica na China".


Em prejuízo claro para a força laboral humana, Emil Jensen aponta os benefícios de custo: um robô que pode trabalhar num turno de 24 horas, substituindo três trabalhadores e custar na faixa dos 38 mil a 63,5 mil euros.

Com os salários na China a crescer até 20 por cento ao ano, nos últimos anos, o consultor de negócios da China Bill Edwards, CEO da Edwards Global Services em Irvine, Califórnia, prevê um impulso inevitável à robótica. Isto porque "os salários na China estão cada vez menos baratos", dando lugar e oportunidade a este tipo de investimento.