Novo "capítulo de genocídio" israelita não surpreende embaixadora palestiniana em Lisboa
A embaixadora da Palestina em Lisboa afirmou hoje que o novo "capítulo de genocídio" feito por Israel na Faixa de Gaza "não foi uma surpresa", argumentando que Telavive sempre deu sinais de que não respeitaria o cessar-fogo.
Em declarações à agência Lusa, Rawan Sulaiman mostrou-se indignada e sublinhou que os palestinianos nunca acreditaram em Israel e sempre souberam que o "regime colonial liderado por um criminoso de guerra", Benjamin Netanyahu, "nunca respeitaria o cessar-fogo".
"O genocídio continua e, para nós, isso não é uma surpresa ou um choque, porque sabemos que essa é, e sempre foi, a intenção de Israel. Um governo de regime colonial liderado por um criminoso de guerra nunca está disposto a acabar com a guerra. Só lhe interessa matar mais bebés, crianças, mulheres e idosos enquanto dormem", criticou Sulaiman.
"Isso foi o que aconteceu no passado e o que continua a acontecer, tal como aconteceu hoje de madrugada", acrescentou a diplomata palestiniana, referindo-se aos bombardeamentos israelitas que, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, movimento político que controla Gaza, provocaram pelo menos 420 mortos e cerca de 500 feridos, e acabou com o cessar-fogo que vigorava desde 19 de janeiro.
"Eu acredito que os políticos, os governos, os grupos de solidariedade, todos devem ficar unidos e rejeitar essa agressão e esse genocídio, incluindo aqui em Portugal. Temos de evitar o silêncio e de ter vozes que falem de forma acentuada, para que isso não continue. Temos mais de 400 pessoas que foram assassinadas na noite passada enquanto dormiam", acrescentou Sulaiman.
Nesse sentido, pediu à comunidade internacional que ponha em prática a "obrigação legal e moral" de travar e condenar os ataques israelitas.
"Isto nunca vai parar porque Israel está a cometer um genocídio em Gaza", acrescentou a diplomata palestiniana, sublinhando que espera que Portugal se junte à maioria dos países que condenaram já os bombardeamentos israelitas.
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, aliás, já lamentou o agravamento da situação no Médio Oriente, comentando que "há quem, dos vários lados, não queira a fórmula" de «dois povos, dois Estados» e faça tudo para a impossibilitar.
Numa conferência de imprensa conjunta, em Ljubljana, com a homóloga eslovena, Natasa Pirc Musar, no âmbito de uma visita oficial à Eslovénia, Rebelo de Sousa, questionado sobre o retomar das hostilidades em grande escala na Faixa de Gaza, afirmou que "Portugal continua a considerar que é fundamental passar a uma fase seguinte de conversações, porque a ideia não é, também aqui [tal como na Ucrânia], olhar para o cessar-fogo como uma solução parcial que esgota problema global".
"E havendo reféns que, vivos ou mortos, estão por entregar, havendo uma situação que estava prevista envolver várias fases de diálogo, isso quer dizer que não se pode entender, quaisquer que sejam as condutas de um lado e outro, que termine abruptamente esse diálogo que estava ajustado ser mais fundo, mais duradouro, mais ambicioso", disse.
Nas declarações à Lusa, a embaixadora palestiniana em Lisboa salientou ser importante que a comunidade internacional "envie mensagens para que Israel saiba que os palestinianos não estão sozinhos",
"Hoje, voltaram todos aqueles que não estavam felizes com o frágil cessar-fogo do governo racista em Israel. Temos o [ex-ministro da Segurança Interna, Itamar] Ben-Gvir a voltar, temos [o ministro das Finanças, Bezalel] Smotrich, que estão a dizer que, com outros, não têm a intenção de fazer paz, que têm a intenção de continuar a matar palestinianos inocentes", frisou Suleiman.
"Dizem que querem acabar com a presença dos militares do Hamas em Gaza, mas o que eles conseguiram foi matar mais de 400 pessoas, a maioria delas são bebés, crianças, mulheres e idosos", afirmou.