Em direto
Guerra na Ucrânia. A evolução do conflito ao minuto

Novo ataque em Mocímboa da Praia era expectável face ao abate de líder terrorista

por Lusa

O ministro da Defesa de Moçambique classificou hoje como "natural e expectável" o novo ataque de rebeldes em Mocímboa da Praia, considerando que os insurgentes estão a tentar mostrar que continuam ativos após abate do líder do grupo.

"Essa ação não é uma surpresa. E, aliás, já tínhamos alertado que (...) deveríamos nos manter vigilantes, porque com essa ação que culminou com a liquidação de uma parte da liderança deles, é natural que eles queiram mostrar a comunidade nacional e internacional que continuam ativos", explicou à comunicação social Cristóvão Chume, à margem do lançamento das comemorações dos 50 anos do início da luta de libertação, que se assinalam na segunda-feira.  

Em causa está um novo ataque reivindicado pela organização terrorista Estado Islâmico, através dos seus canais de propaganda, uma incursão que deixou, pelo menos, 10 óbitos em Naquitenge, uma aldeia do interior do distrito de Mocímboa da Praia.

Segundo o governante, a incursão rebelde, que acontece após a eliminação do líder do terrorismo no país, o moçambicano Bonomade Machude Omar, é um sinal de que as forças governamentais devem permanecer atentas.

"Para nós, é um sinal de que toda a capacidade que foi gerada deve continuar do nosso lado. Não podemos baixar a guarda no sentido de que aniquilamos a cabeça da cobra", frisou Chume, que sugere um "regresso coordenado" com as autoridades para as populações que querem voltar para as suas zonas de origem.

Fontes locais ouvidas no domingo pela Lusa avançam que o ataque terá ocorrido por volta das 15:00 de quinta-feira (14:00 de Lisboa) em Naquitenge.

"Quando eles chegaram ali convocaram uma reunião. As pessoas da aldeia não sabiam que eles eram terroristas e, depois disso, começaram a separar os cristãos de muçulmanos, com base nos nomes. Depois disso, abriram fogo contra os cristãos", disse à Lusa uma fonte que perdeu o sobrinho durante o ataque.

"Eles praticamente `regaram´ as pessoas com tiros. Algumas pessoas ficaram feridas e fugiram para as matas. É um dos ataques mais cruéis de que já ouvimos falar", avançou à Lusa outra fonte de Mocímboa da Praia que tem um familiar que conseguiu escapar de Naquitenge durante o ataque.

Esta incursão ocorre menos de um mês depois do anúncio, em 25 de agosto, pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Moçambique, Joaquim Rivas Mangrasse, da eliminação do líder do terrorismo no país, o moçambicano Bonomade Machude Omar, juntamente com outros elementos da liderança do grupo terrorista.

Bonomade Machude Omar, considerado o líder do grupo radical Estado Islâmico em Moçambique, foi visado pela segunda fase da denominada operação "Golpe Duro II" do exército moçambicano.

O líder extremista era descrito por vários especialistas como "uma simbiose entre brutalidade e justiceiro", constando da lista de "terroristas globais" dos Estados Unidos e alvo de sanções da União Europeia.

A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos a insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

No terreno, em Cabo Delgado, combatem o terrorismo -- em ataques que se verificam desde outubro de 2017 e que condicionam o avanço de projetos de produção de gás natural na região - as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, enquanto o Presidente moçambicano admitiu esta semana "mais de 2.000" vítimas mortais.

Tópicos
PUB