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Novas variantes covid-19 desafiam a imunidade de grupo

por RTP
Reuters

Apesar de em grande parte do mundo as restrições ao uso de máscaras terem caído, o novo coronavírus continua a transmitir-se e a cada dia produz novas variantes, que se transmitem ainda mais depressa, criando outras subvariantes que poderão voltar a colocar as restrições dos dois últimos anos na ordem do dia.

Apesar da maior transmissibilidade, não existem indícios de que existirão novos surtos, mais hospitalizações e mortes. No entanto, apesar de se querer voltar a viver a vida sem restrições, a covid-19 continua presente no mundo e está para durar, com o vírus a sofrer continuamente mutações.

As novas subvariantes serão as mais transmissíveis até ao momento, mesmo quando os vírus encontram sistemas imunitários protegidos pelas vacinas, um encontro que por sua vez tende a criar novas variantes.

Edwin Michael, epidemiologista do Centro Global de Doença Infeciosa da Universidade da Flórida, explicou que a imunidade vai criar mais variantes do vírus, que se espalha pelo hospedeiro cada vez mais rapidamente e de forma mais frequente. Neste cenário, apesar de ter mais variantes, o vírus pode estar a perder a força.

Com os surtos de 2021 e 2022, houve pelo mundo milhões de casos ativos simultaneamente com várias variantes a terem resultados diferentes, o que resultou em última instância numa “linhagem” estável de criação de novas variantes.

Houve a variante Delta, a mais virulenta e que levou à maior onda de infeções e mortes, numa altura em que a vacinação entrava em ação. No fim de 2021, apareceu Ómicron, detetada primeiramente no Botswana e na África do Sul. Uma variante ainda mais transmissível, mas sem o mesmo número de mortes da Delta.

Ómicron superou a variante Delta em casos

No pior dia de Ómicron pelo mundo, foram contadas quatro milhões de infeções em apenas 24 horas, quatro vezes mais que o pior dia da variante Delta, entre janeiro e abril de 2021.

A vacinação veio mudar a maneira como o vírus se comportava e como os sistemas imunitários começaram a defender-se. As infeções prévias em muitos milhões de pessoas também ajudaram e a Ómicron acabou por não ter o resultado que muitos esperavam que pudesse ter. Na altura do aparecimento desta variante, já mais de oito mil milhões de pessoas pelo mundo tinham a primeira dose da vacina, um número que já subiu consideravelmente até hoje.

Com a imunidade a fazer o seu trabalho, o número de casos foi muito superior ao surto causado pela Delta, mas o número de mortes foi muito inferior. No pior dia de casos mortais durante a Ómicron morreram 13 mil pessoas, menos cinco mil do que com a variante Delta.

Este é o terceiro ano da pandemia e com mais imunidade haverá maior número de variantes a surgir com o tempo o que levará também a uma maior transmissibilidade. A imunidade encoraja à mutação, o que leva ao aumento de imunidade, com o aumento de anticorpos depois de uma infeção ligeira de covid-19.

No futuro, pode esperar-se que o número de casos continue a ser alto e o número de mortes diminua. Apesar do otimismo, muitos especialistas acreditam no entanto que tal não vai acontecer, como é o caso de Jesse Bloom, investigador do Centro de Investigação de Cancro Fred Hutchinson, em declarações ao The Daily Beast.

O pior cenário diz-nos que teremos de adaptar-nos a novas variantes e subvariantes a uma velocidade cada vez maior, mas também já há maneiras de lidar com o vírus que no início de 2020 colocou o mundo em sobressalto. Há variantes capazes de contornar os anticorpos fornecidos após a vacinação, mas os anticorpos naturais de infeções anteriores continuam a fazer o seu trabalho.

“Os mutantes (da Ómicron) não parecem ser tão patogénicos como a Delta”, explicou Stephanie James, diretora de um laboratório de testes à covid do Colorado. A menos que no futuro apareça uma nova variante que volte a questionar todo o trabalho realizado pela indústria farmacêutica nos últimos dois anos, tomar vacinas para controlar o impacto do vírus da covid-19 será suficiente.
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