O Governo da Nova Zelândia denunciou hoje que piratas informáticos ligados à China lançaram uma operação patrocinada pelo Estado que visou o Parlamento neozelandês, em 2021, acusação rejeitada pelas autoridades chinesas.
A alegação da Nova Zelândia surge um dia depois de Estados Unidos e Reino Unido terem anunciado um conjunto de acusações criminais e sanções contra sete piratas informáticos, todos alegadamente a residir na China, que visaram funcionários norte-americanos, jornalistas, corporações, ativistas pró-democracia e o órgão de fiscalização eleitoral britânico.
A Embaixada da China na Nova Zelândia rejeitou "categoricamente estas acusações infundadas e irresponsáveis", manifestando "forte desagrado", de acordo com um comunicado da representação diplomática chinesa.
Pequim classificou também de "calúnia maliciosa" as acusações feitas por Londres. Estas acusações são "totalmente infundadas e calúnias maliciosas", afirmou a embaixada chinesa no Reino Unido.
Numa declaração à imprensa, a ministra responsável pelo Gabinete de Segurança das Comunicações do Governo (GCSB) neozelandês, Judith Collins, disse que a "utilização de operações de espionagem cibernética para interferir com as instituições e os processos democráticos em qualquer parte do mundo é inaceitável".
Collins disse que a agência também estabeleceu ligações entre um ator patrocinado pelo Estado ligado à China e atividades cibernéticas maliciosas dirigidas a entidades parlamentares na Nova Zelândia.
"O Centro Nacional de Segurança Cibernética (NCSC) do GCSB concluiu uma avaliação técnica robusta após um comprometimento do Gabinete do Conselheiro Parlamentar e do Serviço Parlamentar em 2021, e atribuiu esta atividade a um grupo patrocinado pelo Estado da RPC [República Popular da China] conhecido como APT40", disse Collins.
"Felizmente, neste caso, o NCSC trabalhou com as organizações afetadas para conter a atividade e remover o ator" logo após terem acedido "à rede", garantiu.
Collins disse que Wellington não vai seguir Washington e Londres na adoção de sanções contra a China, já que o país não tem uma lei que permita tais penalidades, nem planos para introduzir legislação.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Winston Peters, confirmou que as preocupações da Nova Zelândia foram transmitidas ao embaixador chinês, Wang Xiaolong.
"A interferência estrangeira desta natureza é inaceitável e instámos a China a abster-se de tais atividades no futuro", afirmou Peters.
"A Nova Zelândia vai continuar a pronunciar-se, de forma consistente e previsível, sempre que assistirmos a comportamentos preocupantes como este", declarou.
Peters encontrou-se com o homólogo chinês, Wang Yi, na semana passada e disse que os países partilham uma "relação significativa e complexa".
"Cooperamos com a China em algumas áreas para benefício mútuo", afirmou. "Ao mesmo tempo, também temos sido consistentes e claros quanto ao facto de nos pronunciarmos sobre questões preocupantes".