A deteção de uma nova variante da Covid-19, com um elevado número de mutações, voltou a colocar o mundo em alerta. A lista de países onde esta nova estirpe, Omicron, já foi detetada continua a aumentar, o que levou os Governos de todo o mundo a tomar medidas restritivas e a fechar fronteiras. Neste artigo resumimos o que se sabe até agora sobre esta nova variante detetada pela primeira vez na África do Sul.
Apenas foi preciso um dia após o anúncio do ministro sul-africano para ser detetado o primeiro caso na Europa e, desde aí, a nova variante tem vindo a espalhar-se rapidamente por todo o mundo, o que levou vários países a adotarem medidas de restrição.
O que se sabe sobre a nova variante?
Depois de ter sido detetada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou como "de preocupação" a nova variante B.1.1.529 do coronavírus e designou-a pelo nome Omicron.
Segundo a OMS, a variante Omicron tem "um grande número de mutações, algumas das quais preocupantes". Dados preliminares sugerem "um risco acrescido de reinfeção" com esta estirpe, por comparação com outras variantes de preocupação.
No total, a Omicron tem 50 mutações, das quais 30 foram encontradas na proteína spike – a estrutura que o vírus usa para entrar nas células e a parte do vírus que a maioria das vacinas utiliza para preparar o sistema imunológico contra a Covid-19. As 30 mutações da Omicron são cerca do dobro das encontradas na variante Delta, considerada altamente transmissível.
A OMS diz, no entanto, ainda não saber se a Omicron é mais transmissível em comparação com outras variantes do SARS-CoV-2, ou se causa uma doença mais grave.
“Ainda não sabemos muito sobre esta variante. O que sabemos é que apresenta um número muito elevado de mutações. E a preocupação é que, quando existem tantas mutações, pode haver impacto na forma como o vírus se comporta”, referiu Maria Van Kerkhove, responsável pelo estudo da Covid-19 na OMS.
Portugal com casos suspeitos em análiseEm Portugal ainda não foi confirmado nenhum caso de infeção pela variante Omicron, mas estão a ser investigados casos suspeitos. A Direção-Geral da Saúde confirma que há notificações na região de Lisboa.
A partir deste sábado, todos os passageiros oriundos de Moçambique, África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia e Zimbabué são obrigados a cumprir uma quarentena de 14 dias após a entrada em Portugal.
O Governo português decidiu ainda suspender os voos de e para Moçambique a partir de segunda-feira.
Nova variante pode comprometer a eficácia das vacinas?
As mutações na proteína spike podem afetar a capacidade do vírus de infetar células e se espalhar, mas também dificultar o ataque das células do sistema imunológico atacarem o patógeno.
Desta forma, e dado o elevado número de mutações da variante Omicron, o Centro Europeu de Controlo de Doenças alerta que a eficácia das vacinas pode estar em causa.
O virologista Pedro Simas considera que mesmo que a nova variante do SARS-CoV-2 seja mais infeciosa, pode não comprometer a imunidade. “Como virologista, acho isso muito pouco provável de acontecer”, disse Pedro Simas em entrevista à RTP, lembrando que o importante é perceber se os infetados com a nova variante estavam ou não vacinados.
No geral, os especialistas dizem que precisam de mais tempo para avaliar, mas defendem que não há ainda motivo para grande alarme.
Por sua vez, a Moderna já anunciou que irá desenvolver uma vacina específica para a nova variante, afirmando que a estirpe Omicron representa “um risco potencial significativo” para a sua vacina.
"A Moderna desenvolverá rapidamente uma vacina candidata para uma dose de reforço específica para a variante Omicron", disse a farmacêutica norte-americana no sábado. A farmacêutica aponta para o início do próximo ano a criação de uma nova vacina para enfrentar a variante Omicron.
Também a Pfizer e a BioNTech divulgaram um comunicado no sábado, no qual explicam que os seus laboratórios já estão a analisar a variante para determinar se a sua vacina (uma das mais utilizadas nos Estados e na Europa) precisará de algum tipo de "ajuste".
A Johnson & Johnson, que comercializa a sua vacina na Europa sob o nome de Janssen, disse que já está a testar a eficácia do seu produto "contra a nova variante de rápida disseminação que foi identificada na África do Sul".
Também a norte-americana Novavax e a britânica AstraZeneca disseram estar a analisar o efeito das suas vacinas contra a nova variante.
Paralelamente, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) considerou ser "prematuro" para antever se será necessária a adaptação das vacinas contra a covid-19 "com uma composição diferente" para fazer face à nova variante, sobre a qual os dados ainda são "insuficientes".
c/agências