A Coreia do Sul acusa a Coreia do Norte de ter lançado um grande número de balões, através da fronteira fortemente fortificada entre os países, para largar objetos que incluíam lixo e excrementos.
Até esta quarta-feira, foram detetados mais de 150 balões, alguns dos quais aterraram no solo e outros ainda se encontravam no ar, noticiaram os meios de comunicação social locais, citando fontes militares.
Pyongyang e Seul têm utilizado balões nas suas campanhas de propaganda desde a Guerra da Coreia, na década de 1950.
As Forças Armadas da Coreia do Sul já tinham revelado que estavam a investigar se havia folhetos de propaganda norte-coreana nos balões.
No final do dia de terça-feira, os residentes a norte da capital sul-coreana, Seul, e na região fronteiriça receberam mensagens de texto das autoridades provinciais pedindo-lhes para “se absterem de atividades ao ar livre”.
Foi também pedido à população apresentasse um relatório na base militar ou na esquadra de polícia mais próxima se avistassem um “objeto não identificado”.
Fotografias partilhadas nas redes sociais mostram sacos presos por cordel a balões brancos translúcidos com papel higiénico, terra escura e pilhas, entre outros conteúdos. Em algumas são vistos polícias e militares.
A agência noticiosa sul-coreana Yonhap avançou que “alguns dos balões caídos transportavam o que parece ser fezes, a julgar pela sua cor escura e odor”.
O exército sul-coreano condenou o ato como uma “clara violação do Direito Internacional”.
“Ameaça seriamente a segurança do nosso povo. A Coreia do Norte é inteiramente responsável pelo que acontecer devido aos balões e advertimos severamente Pyongyang para que termine ponha imediatamente com esta ação desumana e grosseira", acrescentou o exército.
Em 2016, a Coreia do Norte também lançou balões para sul que atacaram os dirigentes de Seul. Num desses lançamentos, os balões terão transportado papel higiénico, pontas de cigarro e lixo. A polícia de Seul descreveu-os como “substâncias bioquímicas perigosas”.
As forças armadas das duas Coreias enfrentam-se através da fronteira militar e a Coreia do Norte ameaça regularmente aniquilar o seu vizinho.
Desde que a Guerra da Coreia (1950-1953) terminou com um armistício e não com um tratado de paz, o Norte e o Sul permanecem tecnicamente em guerra, separados por uma fronteira fortificada que inclui a Zona Desmilitarizada.
Ativistas anti-Pyongyang lançaram folhetos
O recente incidente ocorre dias depois de a Coreia do Norte ter afirmado que iria retaliar contra a “frequente dispersão de panfletos e outros resíduos” nas zonas fronteiriças por parte de ativistas do Sul.
“Em breve, serão espalhados montes de lixo e de sujidade nas zonas fronteiriças e no interior da República da Coreia, e a Coreia do Norte experimentará diretamente o esforço necessário para os remover”, afirmou o vice-ministro norte-coreano da Defesa, Kim Kang Il, aos meios de comunicação social estatais no domingo.
Esses balões transportam panfletos com mensagens críticas a Pyongyang, o que tem provocado tensões entre os vizinhos, incluindo incidentes em que o Norte terá tentado abatê-los.
Para além da propaganda anti-Pyongyang, os ativistas da Coreia do Sul lançaram balões que transportavam, entre outras coisas, dinheiro, conteúdos proibidos nos meios de comunicação social e até Choco Pies - um snack sul-coreano proibido no Norte.
No início deste mês, um grupo de ativistas sediado na Coreia do Sul afirmou ter enviado para o outro lado da fronteira 20 balões com folhetos anti-Pyongyang e chaves USB com música pop coreana e vídeos musicais.
O Parlamento de Seul aprovou uma lei em dezembro de 2020 que criminaliza o lançamento de panfletos anti-Pyongyang, mas os críticos levantaram preocupações relacionadas com a liberdade de expressão e os direitos humanos.
Os anteriores governos sul-coreanos procuraram impedir os ativistas de realizar tais campanhas, argumentando que não ajudavam a promover a paz e punham em perigo a segurança dos residentes perto da fronteira.
Uma proibição de lançamentos de balões introduzida em 2021 foi posteriormente considerada inconstitucional por um tribunal superior, que disse que violava a liberdade de expressão.
c/ agências