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Nord Stream. Polónia recebeu mandado de captura para cidadão ucraniano

por Cristina Sambado - RTP
DPA Picture-Alliance via AFP

A Polónia recebeu um mandado de captura europeu emitido por Berlim em relação ao ataque de 2022 aos gasodutos Nord Stream, mas o suspeito já deixou a Polónia porque a Alemanha não incluiu o seu nome numa base de dados de pessoas procuradas.

O mandado de captura europeu foi emitido em junho pelo Ministério Público Federal contra um instrutor de mergulho ucraniano residente na Polónia, não muito longe de Varsóvia, identificado como Volodymyr Z.

Os investigadores alemães acreditam que o mergulhador ucraniano fazia parte de uma equipa que colocou os explosivos nos gasodutos em setembro de 2022, noticiaram os jornais SZ e Die Zeit , juntamente com a emissora ARD, citando fontes anónimas.Segundo as regras europeias de auxílio judiciário mútuo, as autoridades polacas dispunham de 60 dias para responder ao pedido alemão e deter o suspeito.

Os tribunais suspeitam que ele e dois outros mergulhadores ucranianos, identificados como Jevhen U. e Svitlana U., estiveram envolvidos na sabotagem do gasoduto de águas profundas.

A porta-voz do Ministério Público polaco, Anna Adamiak, afirmou, à Reuters, que as autoridades alemãs enviaram em junho um mandado de captura europeu ao Ministério Público de Varsóvia para o caso do cidadão ucraniano Volodymyr Z., em ligação com os processos contra ele conduzidos na Alemanha.

A sabotagem dos dois gasodutos que ligam a Rússia à Alemanha e transportavam a maior parte do gás russo para a Europa ocorreu em 26 de setembro de 2022, sete meses depois da invasão russa da Ucrânia. “No final, Volodymyr Z. não foi detido, porque no início de julho deixou o território polaco, atravessando a fronteira polaco-ucraniana”.

“A livre passagem da fronteira polaco-ucraniana pela pessoa acima mencionada foi possível porque as autoridades alemãs não o incluíram na base de dados de pessoas procuradas, o que significa que a Guarda Fronteiriça polaca não tinha conhecimento nem motivos para deter Volodymyr Z.

A lei polaca não permite a revelação do nome completo dos suspeitos.

Contactado brevemente por telefone pelos meios de comunicação alemães, Volodymyr Z. negou qualquer envolvimento no atentado.

O Ministério do Interior alemão não quis comentar e o Ministério da Justiça não respondeu imediatamente a um pedido de comentário enviado, pela Reuters, por correio eletrónico.

Um outro homem e uma mulher - também instrutores de mergulho ucranianos - foram identificados na investigação alemã sobre a sabotagem, mas até agora não foram emitidos mandados de captura.

As explosões destruíram três dos quatro gasodutos Nord Streamp, que se tornaram O trio terá colocado os explosivos a bordo de um veleiro, o Andromède , sobre o qual o Ministério Público revelou, em 2023, ter aberto um inquérito. De acordo com os investigadores, o veleiro partiu de Rostock, na Alemanha, em direção ao Mar Báltico, tendo depois feito escala numa ilha dinamarquesa, na Suécia e na Polónia. um símbolo controverso da dependência alemã do gás russo, na sequência da invasão da Ucrânia por Moscovo.

Quatro fugas de gás, precedidas de explosões subaquáticas, ocorreram com poucas horas de intervalo nos dois gasodutos, que não estavam em funcionamento na altura.

A Rússia já tinha deixado de fornecer gás através do Nord Stream 1, no contexto de um conflito energético com os países europeus que apoiam a Ucrânia, e o Nord Stream 2 nunca entrou em funcionamento.

Apesar de não estarem operacionais, os dois gasodutos operados por um consórcio do gigante russo Gazprom estavam cheios de gás.
Troca de acusações

A Ucrânia acusou na altura a Rússia de responsabilidade pelas fugas nos gasodutos, acusações que foram devolvidas por Moscovo. “Nunca o faria”, declarou o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky ao diário alemão Bild em junho de 2023, acrescentando que "gostaria de ver provas".

Em março de 2023, o New York Times já tinha revelado, com base em informações consultadas pelos serviços secretos americanos, que um “grupo pró-ucraniano” estava por detrás da sabotagem, mas sem o envolvimento do Presidente ucraniano.

A Rússia culpou os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a Ucrânia pelas explosões, que em grande parte cortaram o gás russo do lucrativo mercado europeu. Estes países negaram o seu envolvimento.

A Alemanha, a Dinamarca e a Suécia abriram investigações sobre o incidente e os suecos encontraram vestígios de explosivos em vários objetos recuperados do local da explosão, confirmando que as explosões foram deliberadas.

Embora a Suécia e a Dinamarca já tivessem deixado de investigar o caso no início do ano, os investigadores alemães prosseguiram os seus inquéritos, visando o iate e os mergulhadores ucranianos em particular.

As investigações sueca e dinamarquesa foram encerradas em fevereiro de 2023 sem que fosse identificado qualquer suspeito.

Em janeiro de 2023, a Alemanha fez uma rusga a um navio que, segundo Berlim, poderia ter sido utilizado para o transporte de explosivos e declarou às Nações Unidas que acreditava que mergulhadores treinados poderiam ter ligado dispositivos aos oleodutos a uma profundidade de cerca de 70 a 80 metros.

c/agências
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