
O antigo vice-presidente norte-americano Al Gore e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas foram distinguidos com o prémio Nobel da Paz, pelos esforços para aumentar o conhecimento sobre mudanças climáticas.
O Nobel - um diploma, uma medalha de ouro e um cheque de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 1,08 milhões de euros) - ser-lhes-á entregue em Oslo a 10 de Dezembro, data do aniversário da morte do fundador do prémio, o sábio e filantropo sueco Alfred Nobel, que inventou a dinamite.
Al Gore «profundamente honrado» com prémio

O antigo vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore afirmou hoje que se sentia «profundamente honrado» com a atribuição do prémio Nobel da Paz, ao lado do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC).
«Sinto-me profundamente honrado por receber o prémio Nobel da Paz. Esta recompensa é ainda mais significativa ao ter a honra de a partilhar com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações - o mais distinto grupo científico que consagra o seu trabalho a melhorar a nossa compreensão sobre a crime do clima - um grupo cujos membros trabalham sem descanso e com dedicação há vários anos», declara Al Gore em comunicado.
«Estamos perante uma verdadeira emergência planetária. A crise do clima não é uma questão política, é um desafio moral e espiritual para toda a humanidade», sublinha.
O comité Nobel norueguês distinguiu hoje Al Gore e o IPCC com o prémio Nobel da Paz «pelos esforços de recolha e difusão de conhecimentos sobre as mudanças climáticas provocadas pelo Homem e por terem lançado os fundamentos para a adopção de medidas necessárias para a luta contra estas alterações», de acordo com a declaração lida pelo presidente do comité, Ole Danbolt Mjoes.
Prémio vai permitir "sentimento de urgência" face ao aquecimento climático
A atribuição do Nobel da Paz ao Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC) e a Al Gore deverá permitir criar um "sentimento de urgência" em relação ao aquecimento climático, declarou hoje o presidente do IPCC.

«Espero que este prémio coloque a questão no primeiro plano e que isso provoque uma maior tomada de consciência e um sentimento de urgência», declarou Rajendra Pachauri, que falava a partir de Nova Deli.
«A mensagem deve envolver todos - países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento - estamos todos no mesmo barco. Devemos garantir que os habitantes deste planeta não sofram com as mudanças climáticas», acrescentou.
«O aquecimento climático ameaça desestabilizar as actividades económicas e a estabilidade social no mundo», advertiu.
Pachauri, 67 anos, elogiou a acção do grupo a que preside, cujos trabalhos tentam há 20 anos alertar o planeta sobre os perigos das alterações climáticas. «Sou apenas um símbolo», disse.
«Os verdadeiros laureados são a comunidade científica, que contribui para os trabalhos do IPCC, e os governos que apoiam a sua acção», sublinhou.
Anteriormente, a porta-voz do IPCC, Carola Traverso Saibante, tinha afirmado que a atribuição do prémio ao Painel, constituído por cerca de 2.000 cientistas, tinha sido "uma surpresa".
"Teríamos ficado felizes se ele (Al Gore) o tivesse recebido sozinho porque é um reconhecimento da importância do assunto", afirmou a porta-voz.