Nobel da Paz Muhammad Yunus volta ao Bangladesh para liderar governo interino

por Cristina Santos - RTP
Muhammad Yunus ao chegar à capital do Bangladesh Reuters

Muhammad Yunus regressou esta quarta-feira ao Bangladesh, país que tem vivido semanas de violência e de protestos. As manifestações, iniciadas por estudantes universitários, forçaram a primeira-ministra Sheikh Hasina a renunciar e a fugir para a vizinha Índia. Agora, o Prémio Nobel da Paz vai liderar um governo interino e apela à população para que "cesse todos os tipos de violência".

Muhammad Yunus felicitou os “estudantes corajosos que assumiram a liderança” nos protestos e descreveu a renúncia de Hasina como “a nossa segunda vitória”, sendo a primeira o dia da independência de Bangladesh em 1971.“Sinto-me bem ao voltar para casa”, disse o economista, conhecido como o banqueiro dos pobres, no aeroporto onde foi recebido por oficiais militares e líderes estudantis.

Yunus aceitou os pedidos de líderes estudantis, militares e do presidente para liderar um governo interino e preparar eleições no Bangladesh.

Na primeira declaração que fez, o Nobel da Paz afirmou que os estudantes salvaram o país, devolveram a liberdade que tem de ser protegida: "O caminho que os nossos estudantes apontaram é para continuar".

Ele vai ser empossado esta quinta-feira líder do governo interino que será constituído por elementos de outros partidos, à exceção do partido da ex-primeira-ministra, após semanas de violência que mataram cerca de 300 pessoas e feriram milhares Yunus, conhecido como o “banqueiro dos pobres”, recebeu o Prémio Nobel da Paz em 2006 por fundar um banco pioneiro na luta contra a pobreza, através de pequenos empréstimos a mutuários necessitados. Aos 84 anos, crítico severo de Hasina, Yunus chega a Dhaka após tratamento médico em Paris.

Nos últimos 30 anos, Sheikh Hasina governou o país durante 20 e acabou por ser derrubada pelo movimento de estudantes que protestou contra as quotas em cargos públicos que dispararam em julho.

Os protestos foram alimentados também pelas duras condições económicas e pela repressão política no país que conseguiu a independência do Paquistão em 1971.

Apesar de a ex-primeira-ministra ter fugido para a Índia, o filho garante que o partido não desiste, numa publicação no Facebook escreveu que pela "forma como os líderes do nosso partido e os trabalhadores estão a ser atacados, não podemos desistir”.
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