"Ninguém está seguro até que estejamos todos seguros". Cientista de Oxford apela à distribuição equitativa de vacinas
O SARS-CoV-2 continua a espalhar-se e a "evoluir" em todo o mundo e já está provado que o difícil acesso às vacinas nos países menos desenvolvidos pode levar a mais casos graves de Covid-19, a mais óbitos e ao aparecimento de novas variantes potencialmente mais perigosas. Sarah Gilbert, uma das responsáveis pela criação e desenvolvimento da vacina da AstraZeneca/Oxford, apelou à distribuição equitativa de vacinas contra a Covid-19, considerando-o um dos "desafios mais urgentes da próxima fase da pandemia".
De acordo com o Our World in Data, 66 por cento das pessoas no Reino Unido têm já a vacinação completa, assim como mais de 55 por cento da população dos Estados Unidos, por exemplo. Pelo contrário, na Etiópia, na Nigéria e na Tanzânia, os dados indicam que menos de três por cento das pessoas estão inoculadas.
Apelando a uma ação imediata para permitir uma distribuição mais ampla de vacinas em todo o mundo, a Professora e cientistas em Oxford relembrou que o coronavírus está "em constante evolução", continuando "a circular sem controlo" e, em consequência disso, todos os países estão sob ameaça de ter de enfrentar "novas variantes do Sars-CoV-2" já este inverno.
"Ninguém está seguro até que estejamos todos seguros", declarou Sarah Gilbert, acrescentando que mesmos as populações com altas taxas de vacinação, como Portugal ou o Reino Unido, ainda podem esperar "um futuro alarmante".
"Ninguém está seguro até que estejamos todos seguros", declarou Sarah Gilbert, acrescentando que mesmos as populações com altas taxas de vacinação, como Portugal ou o Reino Unido, ainda podem esperar "um futuro alarmante".
O SARS-CoV-2, como explicou no documento, "já se adaptou para aumentar a transmissão entre humanos, com a variante Alfa e depois com a variante Delta a tornarem-se dominantes em muitos países".
Neste momento grande parte dos países ainda tenta evitar a ampla propagação da variante Delta e, por isso, "é mais importante do que nunca que não esqueçamos as vidas que podem ser salvas com a administração da primeira e da segunda dose às populações mais vulneráveis em todo o mundo, e a oportunidade que a distribuição global de vacinas garante para nos proteger a todos nós".
Neste momento grande parte dos países ainda tenta evitar a ampla propagação da variante Delta e, por isso, "é mais importante do que nunca que não esqueçamos as vidas que podem ser salvas com a administração da primeira e da segunda dose às populações mais vulneráveis em todo o mundo, e a oportunidade que a distribuição global de vacinas garante para nos proteger a todos nós".
Prioridade dever ser vacinar o máximo de pessoas e o mais rápido possível
No artigo, em estilo carta que escreveu em co-autoria com Richard Hatchett, chefe executivo da Coalition for Epidemic Preparedness Innovations, Sarah Gilbert afirmou que o número de doses de vacinas que estão disponíveis todos os meses "proporcionará cada vez mais oportunidades para alcançar esta [distribuição equitativa], desde que todos os países estejam preparados para receber e entregar esses produtos médicos que salvam vidas".
Garantir que todas as populações do mundo tenham acesso às vacinas contra a Covid-19 e sejam inoculadas "será um dos desafios mais urgentes na próxima fase da pandemia".
Na maioria dos países ricos, mais de 50 por cento da população já recebeu duas doses da vacina. Nestas nações, "as próximas questões são se, ou quando, as doses de reforço devem ser administradas e se a vacinação deve ser estendida às crianças no sentido de alcançar a imunidade de grupo".
Contudo, alertou a cientista, este alargamento a mais faixas etárias e as terceiras doses nos países com taxas elevadas de vacinação vai aumentar a pressão "no fornecimento global de vacinas e potencialmente aumentar as disparidades entre os países ricos e o resto do mundo em termos de acesso à vacina".
Garantir que todas as populações do mundo tenham acesso às vacinas contra a Covid-19 e sejam inoculadas "será um dos desafios mais urgentes na próxima fase da pandemia".
Na maioria dos países ricos, mais de 50 por cento da população já recebeu duas doses da vacina. Nestas nações, "as próximas questões são se, ou quando, as doses de reforço devem ser administradas e se a vacinação deve ser estendida às crianças no sentido de alcançar a imunidade de grupo".
Contudo, alertou a cientista, este alargamento a mais faixas etárias e as terceiras doses nos países com taxas elevadas de vacinação vai aumentar a pressão "no fornecimento global de vacinas e potencialmente aumentar as disparidades entre os países ricos e o resto do mundo em termos de acesso à vacina".
"A longo prazo, as estratégias para gerir o risco de o Sars-CoV-2 estar em constante evolução, inclusive através de contramedidas médicas definitivas, como a vacinação, terão de ser adaptadas às necessidades e à experiência de cada país", esclareceu.
"Por enquanto, com a doença ainda em alta, a prioridade deve ser vacinar o máximo de pessoas possível e o mais rápido possível".
O mais urgente, explicou, é distribuir com urgência as vacinas disponíveis "em todo o mundo".
"Por enquanto, com a doença ainda em alta, a prioridade deve ser vacinar o máximo de pessoas possível e o mais rápido possível".
O mais urgente, explicou, é distribuir com urgência as vacinas disponíveis "em todo o mundo".
Embora o fornecimento aos países mais pobres esteja a aumentar gradualmente, o novo desafio é garantir que as autoridades destas nações sejam capazes de distribuir e administrar às populações as vacinas de forma segura e eficaz.
"Nenhuma vacina é eficaz até que as pessoas sejam vacinadas"
Contrariamente ao que aconteceu no início de 2021, neste momento o número de vacinas produzidas aumentou exponencialmente. Mas a especialista em vacinologia considera que isso pode gerar um "constrangimento de riqueza" se as doses em excesso dos países mais desenvolvidos não forem distribuídas pelas populações de nações mais vulneráveis.
"Considerando que as restrições no fornecimento de um número limitado de produtos nas fases iniciais do lançamento das vacinas resultaram numa intensa competição por estas doses e graves desigualdades na sua distribuição, podemos agora imaginar o que é enfrentar um problema muito diferente nos próximos meses - um em cujo volume de fornecimento exceda a capacidade de absorção e dispensação de vacinas nos países com maiores necessidades pendentes".
O novo imperativo para a Covax e para as entidades de ajuda internacional em geral, "será apoiar a entrega em escala para garantir que os países destinatários sejam capazes de alcançar as metas de vacinação rapidamente".
"É encorajador ver que o fornecimento da vacina está a tornar-se um problema menor, mas nenhuma vacina é eficaz até que as pessoas sejam vacinadas", advertiu ainda, explicando que, mesmo depois da doação de vacinas continuam a haver desafios, como "o transporte de uma vacina num país - especialmente com vacinas que devem ser mantidas ultracongeladas - até fatores intangíveis, como a difusão da hesitação da vacina".
Contrariamente ao que aconteceu no início de 2021, neste momento o número de vacinas produzidas aumentou exponencialmente. Mas a especialista em vacinologia considera que isso pode gerar um "constrangimento de riqueza" se as doses em excesso dos países mais desenvolvidos não forem distribuídas pelas populações de nações mais vulneráveis.
"Considerando que as restrições no fornecimento de um número limitado de produtos nas fases iniciais do lançamento das vacinas resultaram numa intensa competição por estas doses e graves desigualdades na sua distribuição, podemos agora imaginar o que é enfrentar um problema muito diferente nos próximos meses - um em cujo volume de fornecimento exceda a capacidade de absorção e dispensação de vacinas nos países com maiores necessidades pendentes".
O novo imperativo para a Covax e para as entidades de ajuda internacional em geral, "será apoiar a entrega em escala para garantir que os países destinatários sejam capazes de alcançar as metas de vacinação rapidamente".
"É encorajador ver que o fornecimento da vacina está a tornar-se um problema menor, mas nenhuma vacina é eficaz até que as pessoas sejam vacinadas", advertiu ainda, explicando que, mesmo depois da doação de vacinas continuam a haver desafios, como "o transporte de uma vacina num país - especialmente com vacinas que devem ser mantidas ultracongeladas - até fatores intangíveis, como a difusão da hesitação da vacina".
"Nos países onde as infeções pelo coronavírus são generalizadas, o benefício da vacinação é muito maior do que o risco de quaisquer efeitos colaterais raros. Garantir que essas doses salvadoras de vidas cheguem às pessoas mais vulneráveis é um dos desafios mais urgentes da próxima fase desta pandemia global", repetiu.
"Embora mais de 6,3 mil milhões de doses dessas vacinas tenham sido administradas até agora, o acesso equitativo a essas ferramentas que salvam vidas permanece lamentavelmente inadequado e deve ser tratado com urgência".
"Embora mais de 6,3 mil milhões de doses dessas vacinas tenham sido administradas até agora, o acesso equitativo a essas ferramentas que salvam vidas permanece lamentavelmente inadequado e deve ser tratado com urgência".