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Netanyahu visita Gaza e deixa aviso: "O Hamas continuará a sofrer golpe após golpe"

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Marton Monus - Reuters

O primeiro-ministro israelita visitou as tropas no norte de Gaza esta terça-feira. De acordo com uma informação divulgada pelo seu gabinete, Benjamin Netanyahu avisou o Hamas que "continuará a ser duramente atingido" e insistiu na libertação dos restantes reféns.

"Insistimos para que libertem os nossos reféns e insistimos em atingir todos os nossos objetivos de guerra", disse Netanyahu às tropas israelitas na primeira visita ao enclave palestiniano desde que Israel lançou uma nova ofensiva há cerca de um mês, após romper o cessar-fogo.

A visita ao terreno acontece numa altura em que as tropas israelitas continuam a expandir o controlo do território no norte e sul de Gaza, no que dizem ser numa tentativa de pressionar o Hamas a aceitar as exigências israelitas para a libertação de mais reféns.

Ao mesmo tempo, o Hamas rejeitou uma proposta israelita para um cessar-fogo de seis semanas em Gaza que implicava a entrega das armas do grupo islâmico-palestiniano.

Um funcionário palestiniano familiar com as negociações disse à BBC que a proposta não apresentava nenhum compromisso relativamente à retirada das tropas israelitas no enclave em troca da libertação dos reféns – uma exigência essencial do Hamas.

Para além disso, esta é também a primeira vez que Israel adicionou o desarmamento do Hamas como condição para avançar com um cessar-fogo, o que constitui uma linha vermelha para o grupo.

"A proposta israelita transmitida ao Hamas através do Egito pedia explicitamente o desarmamento do Hamas sem qualquer compromisso israelita de terminar a guerra ou se retirar de Gaza. O Hamas, portanto, rejeitou a proposta na totalidade", disse o alto funcionário.

Esta última proposta de cessar-fogo israelita foi apresentada aos mediadores regionais no final da semana passada, poucos dias depois do encontro entre Netanyahu e o presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington.
Impasse prossegue
O Hamas retomou as negociações com os mediadores egípcios e cataris no final de março, com vista a ressuscitar o cessar-fogo em Gaza. O acordo de tréguas foi quebrado a 18 de março por Israel, que acusou o Hamas de ter não estar a cumprir a sua parte do acordo.

Desde então, Israel e o Hamas estão num impasse, não chegando a um entendimento sobre como prosseguir o acordo de tréguas, cuja primeira fase terminou a 1 de março.

O Hamas quer passar à segunda fase do acordo, que prevê um cessar-fogo permanente, a retirada das tropas israelitas de Gaza, a retoma do envio de ajuda humanitária e a libertação dos restantes reféns.

Israel, por seu turno, exigia o prolongamento da primeira fase para que mais reféns sejam libertados, assim como a "desmilitarização" de Gaza e a saída do Hamas antes de passar à segunda fase.

Entretanto, também esta terça-feira, o braço armado do Hamas disse ter “perdido o contacto” com o grupo responsável pelo refém israeloamericano Edan Alexander, após um ataque aéreo ao local onde ele se encontrava, em Gaza.

Edan Alexander é o único americano vivo refém do Hamas e estava a ser utilizado pelo grupo armado como forma de pressionar Israel a chegar a um acordo. Se a morte de Alexander for confirmada, o Hamas perderá este “trunfo” e Netanyahu poderá intensificar os ataques em Gaza, o que preocupa os palestinianos.

Desde que Israel retomou a sua ofensiva em Gaza, a 18 de março, pelo menos 1.630 pessoas foram mortas, elevando o total de mortos em 18 meses de guerra para 51 mil, de acordo com os últimos números do Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.

Desde o reinício da ofensiva em Gaza, o exército israelita tomou territórios ao longo das suas fronteiras, incluindo a do norte e a do sul, e agora controla quase 70% do território total, que está sob ordens de deslocamento ou em zonas de exclusão, de acordo com as últimas estimativas do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Na área sul, ao longo da fronteira com o Egito, as forças israelitas estabeleceram um novo corredor e quase evacuou a cidade de Rafah, controlando assim uma área que representa cerca de 20% de todo o território de Gaza.

c/agências
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