Netanyahu confirma próxima incursão militar em Rafah e promete "passagem segura" para civis

por RTP
Dylan Martinez - Reuters

O primeiro-ministro de Israel confirmou, este domingo, que as forças militares vão invadir a cidade de Rafah para acabar com "os batalhões que restam do Hamas". Benjamin Netanyahu voltou a pedir à população que abandone a região e prometeu que vai garantir uma “passagem segura” para os civis antes do início da ofensiva. O Hamas, por sua vez, alertou que qualquer ofensiva terrestre israelita em Rafah vai “destruir” as negociações sobre a troca de reféns.

Numa entrevista à cadeia norte-americana ABC News, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, confirmou que Israel está a preparar uma ofensiva terrestre à cidade de Rafah, no sul de Gaza, onde centenas de milhares de palestinianos se refugiam.

"Vamos fazê-lo. Vamos acabar com os batalhões terroristas que restam em Rafah, que é o seu último bastião", afirmou o primeiro-ministro israelita durante a entrevista, que será emitida este domingo na íntegra.

Netanyahu voltou a apelar à evacuação da região, garantindo que instruiu as Forças de Defesa de Israel a planearem a retirada de centenas de milhares de pessoas de Rafah antes desta invasão terrestre.

"Vamos fazê-lo, enquanto abrimos um caminho seguro à população para que saia", indicou o primeiro-ministro antes de assegurar que o Governo está a trabalhar num "plano detalhado".


"Parte do nosso esforço de guerra é impedir que os civis fiquem feridos. Parte do esforço de guerra do Hamas é que acabem assim", declarou.
A população de Rafah, localizada perto da fronteira egípcia, mais do que quintuplicou nas últimas semanas com a chegada de centenas de milhares de pessoas que fugiram da guerra. A cidade é o último refúgio de centenas de milhares de palestinianos deslocados à força na Faixa de Gaza. Por este motivo, vários governos e ONG internacionais avisam que os palestinianos já não têm para onde ir e que qualquer processo de saída será uma nova deslocalização forçada para qualquer lugar.

Na última madrugada, pelo menos 25 civis palestinianos morreram na sequência de um bombardeamento do exército israelita em Rafah. A artilharia israelita atingiu uma casa que servia de abrigo na zona leste da cidade, de acordo com a agência de notícias oficial palestiniana, que relatou ataques noutras áreas do centro e do sul da Faixa.

Caças israelitas lançaram ataques contra várias zonas da cidade de Khan Younis, também no sul do enclave. Além disso, fontes locais referiram vítimas mortais, incluindo uma criança, na sequência do bombardeamento de uma casa em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza.
Hamas avisa que ataque a Rafah vai “destruir” as negociações
O grupo islâmico-palestiniano Hamas alertou que qualquer ofensiva terrestre israelita em Rafah vai “destruir” as negociações sobre a troca de reféns, avançou o canal de televisão Aqsa, controlado pelo Hamas, ao citar um importante líder do grupo.

O grupo palestiniano, que governa a Faixa de Gaza, já tinha alertado no sábado que uma ofensiva militar israelita em Rafah será “uma catástrofe e um massacre que poderão resultar em dezenas de milhares de mortos”.

O Hamas diz responsabilizar "totalmente a administração dos EUA, a comunidade internacional e a ocupação israelita".

A ameaça israelita está também a preocupar as autoridades ocidentais. O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que uma ofensiva em Rafah "resultaria numa catástrofe humanitária indescritível".

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, também afirmaram que não apoiam uma ofensiva terrestre em Rafah e avisaram que, se não for devidamente planeada, a operação pode conduzir a uma catástrofe.
O presidente Joe Biden disse que esta resposta de Telavive ao ataque do Hamas a 7 de outubro é “excessiva”.

A Arábia Saudita também alertou para “repercussões muito graves” para a população civil na eventualidade de um ataque israelita em Rafah.

“A contínua violação do direito internacional e do direito humanitário internacional confirma a necessidade de uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para evitar que Israel cause uma catástrofe humanitária”, disse o governo de Riade em comunicado.

“Aqueles que dizem que não devemos entrar em Rafah estão, de facto, a dizer-nos que temos de perder a guerra e deixar o Hamas no lugar", respondeu, por sua vez, Netanyahu aos críticos.

O Ministério da Saúde do Hamas anunciou este domingo que 28.176 pessoas foram mortas, na sua maioria mulheres, crianças e adolescentes, na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a 7 de outubro do ano passado. Há ainda registo de 67.784 pessoas feridas.

c/agências
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