"Nenhum lugar é seguro". Quase 90 mortos em ataque israelita no norte de Gaza

por Carlos Santos Neves - RTP
“O pesadelo em Gaza está a intensificar-se” Abdul Karim Farid - Reuters

Um ataque israelita lançado este fim de semana sobre a Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza, provocou pelo menos 87 mortos e mais de 40 feridos. O balanço é do Ministério da Saúde do território administrado pelo movimento radical palestiniano Hamas. Das estruturas das Nações Unidas saiu novo aviso: “O pesadelo em Gaza está a intensificar-se”.

O balanço é provisório. Este domingo, os socorristas palestinianos procuravam ainda um número indeterminado de vítimas debaixo dos escombros da área residencial atingida na véspera.

Por sua vez, as Forças de Defesa de Israel indicaram estar a avaliar as consequências do ataque a Beit Lahiya, mas consideraram desde logo “exagerados” os números avançados pelo Hamas.

O exército israelita alega ter concretizado, naquela cidade, um “ataque de precisão” contra “um alvo terrorista do Hamas”.Citado pela BBC, o Tsahal afiançou estar “a fazer tudo o que é possível para evitar danos aos civis”.


Em comunicado, Tor Wennesland, coordenador especial das Nações Unidas para o Processo de Paz no Médio Oriente, veio exortar ao fim imediato da guerra. Na Faixa de Gaza, acrescentou o responsável, “nenhum lugar é seguro”.

“Esta guerra tem que acabar, os reféns do Hamas têm que se libertados, a deslocação de palestinianos deve cessar e os civis devem ser protegidos onde quer que estejam. A ajuda humanitária deve ser entregue sem impedimento”, instou Wennesland.
Ofensiva no norte da Faixa de Gaza

As Forças de Defesa de Israel encetaram, no início deste mês, uma nova investida no norte da Faixa de Gaza, alegando que os combatentes do Hamas estariam a reagrupar-se nessa região. Desde então, cercaram e bombardearam a zona de Jabalia, que inclui um campo de refugiados – o último destes ataques matou pelo menos 33 pessoas.
No sábado, Joyce Msuya, responsável pelas operações humanitárias da ONU, alertava para “os horrores” vividos pela população do norte da Faixa de Gaza, apelando também a um ponto final a estas “atrocidades”.

Desde 7 de outubro do ano passado, quando o Hamas desencadeou uma ofensiva contra Israel, morreram pelo menos 42.603 pessoas e outras 99,795 ficaram feridas naquele território palestiniano. O ataque do movimento radical fez cerca de 1.200 mortos. Mais de 250 pessoas foram então levadas como reféns.
Líbano
Na frente libanesa, a máquina de guerra do Estado hebraico prosseguiu este domingo os bombardeamentos sobre os subúrbios a sul de Beirute, bastião do movimento xiita pró-iraniano Hezbollah.

“Esta manhã, a Força Aérea de Israel efetuou um ataque a um centro de comando dos serviços de informações do Hezbollah e uma fábrica subterrânea de armas em Beirute”, avançou o comando militar israelita em comunicado.Terão sido disparados, este domingo, pelo menos 160 rockets do Líbano na direção do norte de Israel.

Uma vez mais, as Forças de Defesa de Israel alegam ter atacado com a preocupação de “reduzir a possibilidade de baixas civis, emitindo avisos prévios a residentes”.

c/ agências
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