Navio com ajuda humanitária para a Faixa de Gaza zarpou do Chipre

por Cristina Sambado - RTP
Yiannis Kourtoglou - Reuters

O navio da organização não-governamental espanhola Open Arms carregado com 200 toneladas de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza partiu do porto cipriota de Larnaca. O apoio surge numa altura em a possibilidade de alcançar um cessar-fogo durante o Ramadão se desvanece.

Depois de vários atrasos, o navio partiu pouco antes das 7h00 (hora de Lisboa), disseram à agência EFE fontes da Open Arms e da World Central Kitchen (WCK), a ONG fundada pelo chef espanhol José Andrés.
O barco transporta cerca de 200 toneladas de alimentos, entre eles farinha, arroz e latas de atum para entregar à população palestiniana, ameaçada pela fome após cinco meses de guerra entre Israel e o Hamas.
Este carregamento é um teste para a abertura de um corredor marítimo para fornecer ajuda à Faixa de Gaza, onde a fome se espalha cinco meses após o início da guerra entre Israel e Hamas.

A WCK está a cooperar com o Governo dos Emirados Árabes Unidos, Chipre e com a Open Arms no âmbito da ajuda humanitária a Gaza, segundo relatou a ONG num comunicado.

Depois de semanas de preparação, a nossa equipa em Chipre carregou quase 200 toneladas de alimentos no navio Open Arms, que irá entregar a ajuda desesperadamente necessária”, acrescentou.

No enclave palestiniano, “a WCK serviu mais de 35 milhões de refeições em Gaza desde outubro”, destaca a nota, lembrando que “a situação continua a evoluir”.

Em Gaza, a ajuda será recebida pelas equipas WCK.
A operação das duas ONG espanholas começou a ser planeada há meses e o navio Open Arms estava no Chipre desde meados de fevereiro para abrir um corredor marítimo com Gaza e aliviar a difícil situação humanitária causada pelo bloqueio de Israel e pelos bombardeamentos em resposta aos ataques do grupo islâmico Hamas, no passado dia 7 de outubro.

A operação tem autorização dos governos do Chipre, de Israel e da Autoridade Nacional Palestina, segundo a Open Arms.

Entretanto, o exército dos EUA divulgou que o seu navio, o General Frank S. Besson, também estava a caminho para fornecer ajuda humanitária ao mar de Gaza. As forças armadas dos EUA lançaram de para-quedas mais de 27.600 refeições e 25.900 garrafas de água no norte de Gaza. As organizações não-governamentais dizem que é quase impossível entregar ajuda em grande parte do território devido às restrições israelitas, às hostilidades em curso e ao colapso da lei e da ordem, depois de a força policial dirigida pelo Hamas ter desaparecido em grande parte das ruas.

Não é ainda claro quão eficaz serão as entregas marítimas na resposta à catástrofe humanitária, uma vez que ainda haverá dificuldades na entrega da ajuda quando esta estiver dentro de Gaza.

A guerra já matou mais de 30 mil palestinianos e expulsou cerca de 80 por cento dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza das suas casas.

A ONU estime que um quarto da população da Faixa de Gaza corre o risco de morrer de fome e a ajuda é insuficiente para satisfazer as necessidades diárias.Os combatentes do Hamas, que administra Gaza, mataram 1.200 pessoas num ataque a Israel a 7 de outubro e fizeram 253 reféns, segundo os registos israelitas, um ataque que desencadeou uma das guerras mais sangrentas do conflito israelo-palestiniano que dura há décadas.

Segundo a imprensa estatal jordana, na segunda-feira houve sete lançamentos de ajuda humanitária com a participação da Jordânia, Estados Unidos, Egito, França e Bélgica. Marrocos também se deve juntar a esta operação.
Esperança de cessar-fogo desvanece-se
As negociações para um cessar-fogo na guerra de Israel contra o Hamas continuam num impasse no Cairo. Israel diz que qualquer cessar-fogo deve ser temporário e que o seu objetivo continua a ser a destruição do Hamas. Por seu lado, o movimento islamita palestiniano afirma que só libertará reféns como parte de um acordo que ponha fim à guerra.
As esperanças de um cessar-fogo durante o Ramadão foram frustradas na segunda-feira, quando um ataque aéreo israelita a uma casa na cidade de Gaza matou 16 pessoas e feriu várias outras, segundo as autoridades sanitárias palestinianas.
Israel também matou dois palestinianos num ataque aéreo a uma casa na cidade de Khan Younis, no sul do país, quando os residentes estavam a quebrar o primeiro dia do jejum do Ramadão, disseram os funcionários da saúde de Gaza.

Os militares israelitas não comentaram de imediato estes incidentes, mas afirmaram que as suas forças mataram cerca de 15 militantes no centro de Gaza e que os comandos visaram locais que se pensa serem utilizados por militantes do Hamas em Khan Younis.
Hezbollah afirma ter disparado mais de 100 rockets

O movimento islâmico libanês Hezbollah revelou esta terça-feira ter disparado "mais de 100 rockets" contra posições militares israelitas, em retaliação por um ataque aéreo israelita que na véspera provocou a morte uma pessoa no leste do Líbano.

Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a 7 de outubro, tem havido violência diária entre o exército israelita e o Hezbollah, aliado do movimento islamita palestiniano, e as ameaças de guerra aberta são cada vez maiores.

Em comunicado de imprensa, o movimento pró-iraniano declarou ter disparado "mais de uma centena de foguetes Katyoucha" contra duas bases militares nos montes Golã ocupados.

O movimento afirma ter agido "em resposta aos ataques israelitas contra o nosso povo, as nossas aldeias e as nossas cidades, mais recentemente perto da cidade de Baalbeck, onde um cidadão foi morto".

Na segunda-feira à noite, os ataques aéreos israelitas mataram uma pessoa perto de Baalbeck, no leste do Líbano. Este foi o segundo ataque israelita a este reduto do Hezbollah desde o início dos confrontos transfronteiriços.

O grupo pró-iraniano afirma que só vai terminar os ataques contra Israel se houver um cessar-fogo em Gaza.

O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, avisou recentemente que uma eventual trégua em Gaza não afetaria o "objetivo" de Israel de afastar o Hezbollah da fronteira norte, "pela força ou pela diplomacia".

c/ agências
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