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Navio associado a esquema de armas para Israel com luz verde do Governo em Lisboa

por RTP
O destino do porta-contentores com pavilhão de Hong Kong, aqui fotografado pela RTP, seria inicialmente Algeciras António Antunes - RTP

O Governo português decidiu no sábado permitir a entrada no Porto de Lisboa de um navio associado a um “esquema dissimulado de abastecimento de material militar norte-americano a Israel”, nas palavras do Bloco de Esquerda. O Executivo justificou a sua posição com o manifesto, que não incluía "qualquer carga militar". O porta-contentores zarpou na manhã deste domingo.

O porta-contentores com pavilhão de Hong Kong fez, durante a noite, uma escala no Porto de Lisboa, depois de ter largado de Casablanca, em Marrocos, na última quarta-feira.
O destino do navio seria inicialmente Algeciras, mas o Estado espanhol terá proibido o uso deste porto. A denúncia partiu do BDS - Boicote, Desinvestimento e Sanções, movimento que se opõe à ocupação dos territórios palestinianos.

O Bloco de Esquerda pediu esclarecimentos urgentes ao Governo sobre a situação, recordando que Portugal sufragou uma resolução das Nações Unidas para interromper o fornecimento de armas e munições usadas por Israel contra civis.

Argumentos entretanto reforçados, em entrevista à RTP3, pelo líder parlamentar do partido, Fabian Figueiredo: "O Governo está errado. O Estado espanhol não autorizou que este navio atraque em Algeciras porque ele tem estado envolvido no transporte ilegal de armamento dos Estados Unidos para Israel".
O Ministério das Infraestruturas e Habitação apoia-se no manifesto de carga do navio NYSTED MAERSK e em informações prestadas pelo "armador e autoridades relevantes" para não se opor à autorização de entrada no Porto de Lisboa, onde serão descarregados 144 contentores.A carga é composta por automóveis, roupa, alimentos, sementes, mobiliário, cerâmica, copos de vidro, champôs e sabões, quadros e pinturas, aparelhos elétricos, cabos de fibra ótica e vários metais.

"Este navio prevê partir na manhã de amanhã, 10 de novembro, sem efetuar qualquer carga. Em resposta a pedido de esclarecimento, foi-nos reconfirmado que não é transportada qualquer carga militar, armamento ou explosivos", afiança o Governo, em comunicado citado pela agência Lusa.Em causa, segundo o BE, está o alegado envolvimento deste navio porta-contentores num "esquema ilegal de abastecimento de armas" ao Estado hebraico.


"Na carga que transporta e transita (sem ser descarregada em Portugal), estão incluídos três contentores com componentes de aviões (peças de asas) com destino aos EUA. Mais se informa não haver nenhum contentor com destino a Israel", reforça o Ministério das Infraestruturas e Habitação, para acrescentar que o navio, antes de chegar a Lisboa, atracou em "Casablanca (5/11), Valencia (2/11), Barcelona (1/11), Fos-Sur-Mer (31/10), Génova (30/10), Haifa (25/10), Mercin (22/10), Alexandria (20/10)".
“Esquema dissimulado”
Em pergunta dirigida ao Ministério dos Negócios Estrangeiros – e que vai ser submetida ao Parlamento -, o Bloco de Esquerda cita uma nota informativa enviada ao Governo português pelo BDS sobre a utilização do Porto de Lisboa pelo NYSTED MAERSK, este sábado.

“Este navio é um dos envolvidos num esquema dissimulado de abastecimento de material militar norte-americano a Israel que, durante meses, transportou cargas ilegais desta natureza para o porto espanhol de Algeciras, onde o armamento era descarregado para ser depois levado até Israel noutros navios”, enfatiza o partido, apontando que o porta-contentores tem feito “em permanência a rota Algeciras-Israel”.

Na semana passada, ainda segundo o Bloco, o Governo espanhol proibiu a utilização do Porto de Algeciras por outro dos navios “integrados neste esquema, o MAERSK DENVER, vindo dos Estados Unidos da América e agora estacionado em Tânger, Marrocos”.

O navio com escala Portugal teria “chegada prevista a Algeciras no dia 9 de novembro (plausivelmente para receber a carga do MAERSK DENVER para a reconduzir a Israel)”, mas “foi reorientado também para Tânger”.

“Estes factos indiciam fortemente a continuação do envolvimento do NYSTED MAERSK no esquema de abastecimento ilegal de material militar a Israel”.

c/ Lusa
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