Ao terceiro dia após o naufrágio do navio repleto de migrantes perto da costa grega, nove cidadãos do Egito foram presos. Enfrentam acusações de tráfico de pessoas. Até agora, estão confirmadas 79 mortes, mas a polícia grega acredita que haja pelo menos 500 pessoas desaparecidas. Os sobreviventes revelaram que o porão do navio transportaria uma centena de crianças.
Na noite de quinta-feira, a Skai TV noticiou que as autoridades gregas prenderam nove suspeitos de montarem uma organização criminosa responsável por planear o tráfico de pessoas.
Os detidos são egípcios e alegadamente pertenciam à tripulação da embarcação naufragada.Antena 1
A agência de notícias grega ANA informou que os egípcios foram presos no porto de Kalamata, no Peloponeso.
“Estes homens estão sob custódia e serão apresentados a um magistrado local”, respondeu Nikos Alexiou, porta-voz da guarda costeira helénica, ao Guardian. “Eles foram detidos pela guarda costeira em Kalamata”, acrescentou.
Caixão flutuante
Kalamata é também o porto onde os sobreviventes do naufrágio estão a ser socorridos.
As equipas de resgate salvaram 104 passageiros – entre egípcios, sírios, paquistaneses, afegãos e palestinianos. O número de mortos continua a subir: os dados mais recentes identificam 79.
É já considerado o pior desastre no Mediterrâneo deste ano, ou mesmo da década, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações.
O porta-voz do Governo grego, Ilias Siakantaris, admitiu na quarta-feira, a partir de relatos não confirmados, a possibilidade de o pesqueiro ter transportado certa de 750 pessoas.
No terceiro dia após o desastre, as operações de busca continuam, com aviões a lançarem sinalizadores para ajudar as equipas de busca.
Segundo um comunicado da guarda costeira grega, o navio afundou-se em águas internacionais, 47 milhas náuticas (87 quilómetros) a sudoeste de Pylos, na costa do Peloponeso. O local fica próximo a uma das áreas mais profundas do Mediterrâneo.
A possibilidade de recuperar o navio afundado são remotas. Tal como “são mínimas” as hipóteses de encontrar mais sobreviventes, de acordo com o almirante Nikos Spanos.
Críticas à guarda costeira que escoltou o pesqueiro
Um navio da guarda costeira escoltou a embarcação durante horas na noite anterior ao naufrágio, o que desencadeou uma onda de críticas.
As autoridades gregas argumentaram que os migrantes repetidamente recusaram assistência e insistiram em seguir para a Itália, por isso não ativaram os mecanismos de resgate, para além de o barco “navegar num curso estável”.
“Era um barco de pesca lotado de pessoas que recusaram a nossa ajuda porque queriam ir para a Itália”, disse o porta-voz da guarda costeira, Nikos Alexiou. “Ficámos ao lado caso precisasse da nossa ajuda, mas continuaram a recusar”.
Esta imagem foi fornecida pela guarda costeira da Grécia a 14 de junho de 2023 e mostra um grande número de pessoas num barco de pesca danificado.
Protestos a favor de melhores políticas de migração
Na noite de quinta-feira, milhares de manifestantes protestaram em Atenas e na cidade de Tessalónica, no norte, exigindo que as políticas de migragão da União Europeia sejam agilizadas para evitar outra tragédia.
Alguns manifestantes arremessaram cocktails molotov à polícia. As autoridades responderam com gás lacrimogéneo.
c/ agências