NATO. Investimento em Defesa pode dar novo impulso ao setor espacial
O setor espacial pode estar prestes a beneficiar do aumento nos gastos com defesa prometido pelos aliados da NATO. Um dado apontado por diversos líderes militares europeus durante o 40.º Simpósio Espacial, realizado na última quarta-feira em Colorado Springs, nos Estados Unidos.
No decorrer do evento, Tom Goffus, secretário adjunto de operações gerais da Aliança Atlântica, destacou que os aliados podem prometer investir até 3,5 por cento dos seus PIBs em defesa nacional. Um aumento significativo em relação aos dois por cento estabelecidos desde 2014.
Uma nova meta, prevista para junho pela cúpula da NATO, que representaria cerca de 400 mil milhões de dólares adicionais ao orçamento militar anual.
Tom Goffus afirmou que o setor espacial comercial poderia rapidamente operacionalizar esse aumento de investimentos com grande escala, com a entrega de equipamentos como tanques, aeronaves e navios exige tempo.
Embora a Administração Trump não tenha sido diretamente mencionado durante o painel, muitos dos discursos incluíram criticas aos países da NATO que não contribuem o suficiente para a defesa da aliança.
"A América em primeiro lugar não precisa significar apenas a América", comentou Goffus, destacando que a força económica e militar, combinada dos 32 aliados tornaria a NATO um importante ator espacial com alta taxa de sucesso.
Cibersegurança Espacial
A Aliança Atlântica também está rever os seus planos de defesa, com base nas lições aprendidas após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.
O secretário adjunto de operações gerais da Aliança Atlântica, Tom Goffus, revelou que o primeiro ataque russo contra a Ucrânia foi cibernético, visando a capacidade do país de operar no espaço.
"Esperamos que a primeira investida em qualquer conflito seja uma combinação de guerra cibernética e eletrónica no domínio espacial, seguida por ataques profundos e forças de combate", afirmou.
A NATO está a analisar os programas espaciais dos seus aliados, recomendando "alvos de capacidade espacial baseados em efeitos" para cada nação, de acordo com Goffus. Ou seja, a Aliança Atlântica está a estudar a forma como cada país ficaria afetado caso fossem visados centros nevralgicos e estratégicos, como banca, distribuição de energia, aviação ou mesmo áreas militares e/ou de soberania nacional. Sincronização e Solidariedade no Espaço
Presentes neste 40.º Space Symposium, também como oradores, estiveram outros atores estratégicos da Aliança Atlântica.
Entre eles, o major-general Wolfgang Ohl, vice-diretor geral de estratégia e operações militares do Ministério da Defesa alemão, que chamou à atenção para a necessidade de sincronizar as iniciativas espaciais da NATO para evitar que a aliança se transforme numa força sem a devida capacidade militar no espaço.
Por sua vez, John Stringer, comandante adjunto ao Comando do Componente Espacial da Força Combinada da NATO, da Royal Air Force, do Reino Unido, alertou para a importância de acelerar a adaptação de capacidades no domínio espacial, dada a rapidez das mudanças nesse campo.
Já o major-general Philippe Adam, comandante do Comando Espacial Francês, ressaltou que o espaço comercial fornecerá novas ferramentas e redundância para ativos militares, mas também se tornará vulnerável a ataques em tempos de guerra.
"Em qualquer tipo de guerra, é preciso estar preparado para sofrer perdas e ver suas capacidades atacadas e degradadas", afirmou.
Adam enfatizou a necessidade de solidariedade entre o setor espacial militar e comercial, pois ambos enfrentam as mesmas ameaças.