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NATO espera adesão da Suécia e da Finlândia em 2023, mas falta aprovação turca e húngara

por Inês Moreira Santos - RTP
Henrik Montgomery - EPA

A Suécia e a Finlândia podem aderir à NATO já este ano. Mas como lembrou o secretário-geral da Aliança Atlântica, a decisão ainda depende dos parlamentos da Turquia e da Hungria. A Suécia diz estar confiante na possibilidade da aprovação turca, mas admite que não será capaz de cumprir todas as condições que Ancara exige em troca de apoio.

“Esperamos [a adesão este ano], mas não garantimos a data, visto que é necessária uma decisão soberana do parlamento turco e húngaro, [que] ainda não retificaram o acordo”, afirmou Jens Stoltenberg, este domingo, numa entrevista à agência France Presse.

A entrada de novos países na Aliança Atlântica requer, como recordou o secretário-geral da NATO, a ratificação pelos parlamentos dos 30 países membros, um passo que todos já deram, à exceção de Hungria e Turquia.

Tivemos negociações bastante exigentes, em julho do ano passado, quando a Turquia, a Finlândia e a Suécia concordaram com um memorando conjunto, no qual descreviam como poderiam intensificar a sua colaboração, tanto no que diz respeito às exportações de armas, mas também, por exemplo, na luta contra o terrorismo”, continuou Stoltenberg.

Tanto a Finlândia como a Suécia “respeitaram este acordo” e estão “claramente comprometidas com a cooperação a longo prazo com a Turquia” nestas questões. Por isso, o secretário-geral da NATO acredita que “chegou a hora de finalizar o processo de adesão e ratificar o protocolo de adesão”.
“É importante que a Suécia e a Finlândia se tornem membros da NATO”
Também este domingo, enquanto discursava na Conferência de Segurança em Sälen, na Suécia, Stoltenberg sublinhou que, considerando a situação cada vez mais perigosa que o mundo enfrenta, torna-se “ainda mais importante que a Suécia e a Finlândia se tornem membros da NATO”.

Tendo como pano de fundo o conflito na Ucrânia, o secretário-geral da Aliança Atlântica voltou a repetir a esperança de “em breve” a NATO “receber calorosamente” os dois países nórdicos.

Na conferência estavam também presente o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, e o ministro finlandês dos Negócios Estrangeiros, Pekka Haavisto. Kristersson afirmou que o Governo turco está a impor à Suécia uma série de exigências para aceitar a adesão à NATO que Estocolmo “não pode nem quer cumprir”.

“A Turquia confirma que fizemos tudo o que dissemos que íamos fazer, mas também dizem que querem coisas que não podemos ou não lhes queremos dar”, declarou o primeiro-ministro sueco durante a Conferência Povo e Defesa, citado pelo jornal 'Aftonbladet'.

“Agora a decisão [da adesão à Aliança Atlântica] recai sobre os turcos”, acrescentou.

Antes da conferência, também o chefe da diplomacia finlandesa garantiu que a Finlândia esperará que a Turquia e a Suécia resolvam as diferenças.

"Não estamos com tanta pressa para entrar na NATO. De qualquer forma, esperamos que a Suécia receba o sinal verde", disse Haavisto.

A Suécia e a Finlândia assinaram um acordo trilateral com a Turquia em 2022 destinado a superar as objeções do Governo turco à aceitação dos dois países como membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Recorde-se que a Turquia tem recusado admitir os dois países na Aliança Atlântica até que ambos entreguem todos os indivíduos acusados por Ancara de pertencerem a organizações curdas declaradas pelo Governo turco como grupos terroristas, como o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Além disso, a Turquia também pede a abertura do comércio bilateral de armas.

No início deste mês, o ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Mevlut Çavusoglu, insistiu que a Finlândia e a Suécia têm de dar “mais passos” para cumprir as exigências de Ancara para obterem “luz verde” da Turquia para a adesão à NATO, considerando que “o tempo urge”.

O Governo turco tem estado a analisar a questão da adesão dos dois países nórdicos à Aliança Atlântica com vários outros países, incluindo os Estados Unidos, acrescentou Çavusoglu, sublinhando neste contexto que prevê um encontro com o seu homólogo norte-americano, Antony Blinken, no próximo dia 18 de janeiro, em Washington.

A quem nos questiona sobre esta questão, dizemos que quando os passos forem dados, quando os compromissos forem cumpridos, a adesão será uma realidade”, insistiu na altura o chefe da diplomacia turca, aludindo aos memorandos assinados pela Turquia com a Suécia e a Finlândia no final de junho de 2022, em Madrid, à margem da cimeira da NATO, nos quais Ancara condiciona a ratificação da sua entrada a uma série de exigências.

Entretanto, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, deu a entender que o Parlamento da Turquia poderá esperar pelas próximas eleições gerais de junho no país antes de votar nova extensão do pacto militar.

O pedido de adesão dos dois países nórdicos aconteceu em, na sequência da invasão russa da Ucrânia, mas os turcos apresentaram objeções à entrada, acusando tanto a Suécia como a Finlândia de darem abrigo a extremistas, nomeadamente membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), ilegalizado na Turquia.

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