"Não ficarei em silêncio". Kamala afirma a Netanyahu que "é hora" de declarar cessar-fogo

por Cristina Santos - RTP
Se Israel tem direito a defender-se, “a forma como o faz é importante” Roberto Schmidt - AFP

Kamala Harris, a potencial candidata democrata à Casa Branca, reconheceu na última noite que "Israel tem o direito de se defender" e denunciou o Hamas como organização terrorista que cometeu "atos horríveis de violência sexual". Mais tarde, na sequência de um encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, colocou a ênfase na urgência de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, face a um cenário "devastador".

Harris conversou com o primeiro-ministro israelita. Descreveu o encontro como franco, pediu o estabelecimento de um Estado palestiniano e que Netanyahu e o Hamas concordassem com um cessar-fogo e um acordo de libertação de reféns, para acabar com uma guerra que provocou a morte de muitos civis inocentes.

“Como acabei de dizer ao primeiro-ministro israelita, é hora de concluir este acordo”
, afirmou em declarações aos jornalistas.

"Não podemos desviar o olhar face a estas tragédias [em Gaza]. Não podemos ficar dormentes e insensíveis ao sofrimento".


Foto: Roberto Schmidt - AFP


A ainda vice-presidente de Biden terá pressionado Benjamin Netanyahu sobre a “terrível” situação humanitária em Gaza. As palavras de Kamala foram analisadas até à exaustão para encontrar sinais de mudança em relação à estratégia seguida pelo atual presidente norte-americano. “O que aconteceu em Gaza nos últimos nove meses é devastador. As imagens de crianças mortas e de pessoas desesperadas e famintas fugindo em busca de segurança, às vezes deslocadas pela segunda, terceira ou quarta vez”.

As palavras de Kamala Harris - o tom utilizado - antecipam um eventual afastamento de Biden na forma como se relaciona com Netanyahu. Sendo certo que o facto de ter dito em público o que disse ao primeiro-ministro de Israel também é sublinhado pelos analistas.
Para além de afirmar que o que Gaza tem vivido “nos últimos nove meses é devastador“, Kamala recordou também ter plantado árvores para Israel quando era criança e reafirmou que sempre defendeu um “compromisso inabalável com a existência do Estado de Israel”.

No entanto, se Israel tem direito a defender-se, “a forma como o faz é importante”.
E Trump?
O ex-presidente e candidato presidencial republicano encontra-se, esta sexta-feira, com Netanyahu e, ao anunciar a reunião com o líder israelita, sublinhou a boa relação entre ambos.

“Durante o meu primeiro mandato, desfrutámos da paz e da estabilidade na região (...) e vamos voltar a desfrutá-la”, afirmou.

Palavras que Netanyahu retribuiu durante o discurso no Congresso: “Gostaria de agradecer ao presidente Trump por tudo o que fez por Israel”.
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