Cerca de cinco mil arménios de Nagorno-Karabakh já abandonaram a região disputada na sequência da ofensiva militar do Azerbaijão que na semana passada matou centenas de pessoas e deixou outras tantas feridas, desaparecidas ou desalojadas. 120 mil arménios querem sair da região devido ao “perigo de limpeza étnica”, escassez de alimentos e combustível.
Um fluxo crescente de refugiados começou a atravessar a fronteira de Nagorno-Karabakh, em direção à Arménia, e até esta segunda-feira pelo menos 4.850 pessoas tinham chegado ao país, de acordo com informação do Governo arménio, citada pela agência noticiosa russa Tass.
A população civil da região separatista impactada nos últimos meses pela escassez de alimentos, comunicações, combustível, eletricidade e gás devido a um bloqueio por parte do Azerbaijão teme agora também pela sua segurança.
"Noventa e nove vírgula nove por cento preferem deixar as nossas terras históricas", contou David Babayan, conselheiro do líder arménio de Nagorno-Karabakh, Samvel Shahramanyan, à agência noticiosa Reuters. Após a tomada da região disputada pelo Azerbaijão na semana passada, numa ofensiva militar que durou 24 horas, os arménios de Nagorno-Karabakh começaram a fugir para a Arménia por não acreditarem na promessa do Azerbaijão de garantir os seus direitos à medida que a região for sendo integrada.
Na semana passada mais de 200 pessoas morreram e 400 ficaram feridas na região, numa operação militar que a Arménia descreveu como um “crime contra a humanidade”, onde a etnia arménia no enclave disputado enfrentava o “perigo de limpeza étnica”.
Neste sentido, as autoridades arménias de Nagorno-Karabakh afirmaram que tencionavam evacuar milhares de pessoas deslocadas pelo conflito para a Arménia com a ajuda das forças de manutenção da paz russas no terreno.
"Caros compatriotas, gostaríamos de informar que, acompanhadas por forças de manutenção da paz russas, as famílias que ficaram desalojadas na sequência das recentes operações militares e que manifestaram o desejo de partir serão transferidas para a Arménia", pode ler-se num comunicado acrescentando que informação sobre a evacuação de outros grupos populacionais seria partilhada “num futuro próximo”.
"Perigo de uma limpeza étnica"
Do outro lado da fronteira, no domingo à noite, o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, afirmou estar pronto para receber os civis de Nagorno-Karabakh.
"O nosso governo acolherá com amor os nossos irmãos e irmãs do Nagorno-Karabakh. Os arménios do Nagorno-Karabakh continuam a enfrentar o perigo de uma limpeza étnica”, afirmou.A Arménia apelou a ajuda internacional de uma missão das Nações Unidas sem a qual não será possível controlar os Direitos Humanos e a segurança na região e consequentemente travar a fuga em massa desta população para a Arménia.
"Se não forem criadas condições de vida reais para os arménios do Nagorno-Karabakh nas suas casas, nem mecanismos eficazes de proteção contra a limpeza étnica, é cada vez mais provável que os arménios do Nagorno-Karabakh vejam a expulsão da sua pátria como a única saída”, acrescentou.
Esta segunda-feira, está previsto um encontro entre o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e o seu aliado, o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, para discutir a situação.
c/ agências
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